Recentemente o noticiário foi inundado de notícias sobre uma nova doença, a zika.
A zika é causada por um vírus, que é transmitido principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti, aqueles que já sabíamos que transmitem o vírus da dengue.
O vírus também pode ser encontrado no sêmen, leite materno e sangue, mas não há certeza se a transmissão da doença pode ser feita por essas vias. Seus sintomas também são parecidos com os da dengue, com dor no corpo, principalmente nas “juntas” e músculos, exantema (“pintinhas vermelhas”) espalhadas pelo corpo, febre, olhos vermelhos e dor de cabeça.
É uma doença autolimitada, ou seja, resolve-se sozinha, e o seu tratamento é de suporte, com medicação para a dor e a febre.
O diagnóstico da zika é somente pelo exame clínico, porque os testes laboratoriais específicos ainda não estão disponíveis no Brasil.
Tudo muito parecido com a dengue, exceto por um detalhe: algumas mulheres grávidas que tiveram a doença deram à luz bebês com microcefalia, uma malformação em que a cabeça tem um tamanho menor do que o esperado, e que pode causar incapacidades permanentes nas crianças, que necessitarão de acompanhamento especial para toda a vida. É inédita essa relação da zika com a microcefalia e estão sendo realizados mais estudos para comprová-la.
Geralmente essas crianças com microcefalia apresentam grande dificuldade para aprender, para andar, para falar, e podem ter crises convulsivas. Outra malformação já encontrada em bebês nascidos de mães que tiveram a zika durante a gravidez foi a presença de calcificações no cérebro, mesmo com tamanho normal da cabeça. Essas calcificações poderão trazer também dificuldades nas funções cerebrais.
Em adultos que foram acometidos dessa doença, houve um aumento nos casos da síndrome de Guillain-Barré, que pode causar paralisias.
As autoridades de saúde estão acompanhando esses casos e buscando formas mais eficazes de evitar a doença e suas consequências. O fato é que, a prevenção hoje é somente baseada na eliminação do mosquito.
Repelentes devem ser usados, lembrando que esse mosquito tem hábitos diurnos, ou seja, geralmente ele pica à tarde, horário em que devemos estar mais atentos.
Além de passar na pele, é importante passar spray sobre a roupa também, já que o mosquito pode passar por baixo da roupa ou picar através do tecido.
Se usar filtro solar, maquiagem ou hidratante passe o repelente por cima.
Contudo, o que temos feito para evitar os focos desse mosquito? Como estamos eliminando nosso lixo? As piscinas têm sido devidamente tratadas para evitar os focos de mosquitos? As plantas têm sido cuidadas de forma que não fiquem com água parada?
Estamos numa guerra e cada um está convocado a lutar, para evitar que sejamos derrotados por um mosquito.
Atenciosamente,
Marcelo Guerra
Médico de Família
CASSI – Unidade Santa Catarina
Referências
· http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/zika
· http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/12/1715367-outros-tipos-de-danos-do-virus-zika-estao-sob-investigacao.shtml
· http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,humanizacao-do-zika-facilitou-infeccoes,10000003831
A microcefalia é condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Altera o desenvolvimento e encurta o tempo de vida da criança. Boletim epidemiológico com dados reunidos até 16/11 aponta a ocorrência de 399 casos em 2015, em sete estados. O zika é da mesma família do vírus da dengue, porém menos agressivo, e foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015. “Tivemos uma circulação importante do vírus no Brasil no primeiro semestre, coisa que aconteceu pela primeira vez na nossa história”, acrescentou Maierovitch. Ele disse que a relação entre o zika vírus e a microcefalia é “inédita no mundo” e não consta na literatura científica. “Nossos cientistas devem nos ajudar a provar essa causa e efeito”, declarou.
Primeiro estado a identificar o aumento nos casos de microcefalia, Pernambuco tem o maior número de ocorrências — 268 bebês diagnosticados até o fechamento dessa edição. Também foram registrados 44 casos em Sergipe, 39 no Rio Grande do Norte, 21 na Paraíba, 10 no Piauí, 9 no Ceará e 8 na Bahia. O ministério informou ainda, (17/11), que não recebera, até aquele momento, dados de outras unidades da federação que apontassem uma escalada de microcefalia em recém-nascidos, embora outros estados também tenham registrado casos de zika vírus. Em 18/11, a pasta enviou orientações a todas as secretarias estaduais de saúde sobre o processo de notificação, vigilância e assistência às gestantes. Houve orientação, depois cancelada, de eviar-se a gravidez
http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/159/sumula/emergencia-por-causa-da-microcefalia