Geralmente associamos a Acupuntura ao tratamento da dor, apesar de sua ação ser muito mais ampla, sendo também indicada para outras doenças físicas e distúrbios psíquicos. Essa associação se deve ao grande número de casos de dor crônica tratados com bons resultados pela terapia. Apesar disso, a comunidade científica costuma ignorar e considerar esses resultados como fruto do efeito placebo, como se a influência do acupunturista sobre o paciente fosse a principal responsável pelo sucesso do tratamento.
Nas últimas duas décadas, alguns cientistas têm se dedicado à pesquisa para aumentar a aceitação da acupuntura nos meios acadêmicos convencionais. Um revelador trabalho recente, publicado no “The Journal of Alternative and Complementary Medicine”, em dezembro de 2014, demonstra o mecanismo de como a Acupuntura trata a dor. Usando Ressonância Magnética Funcional, 14 voluntários foram submetidos à uma dor provocada por estímulos elétricos, de intensidade tal que provocasse alterações nos centros do cérebro onde a dor é processada.
Essa dor provocada gerou imagens nas Ressonâncias Magnéticas. No entanto, essas imagens desapareceram após a aplicação de agulhas de Acupuntura em determinados pontos indicados para o tratamento da dor, mesmo enquanto o estímulo elétrico doloroso era mantido. Os exames repetidos após a cessação da Acupuntura e do estímulo doloroso mostravam que esses centros cerebrais da dor não exibiam alterações. Quando, por outro lado, os voluntários recebiam o estímulo da dor e não recebiam a Acupuntura, esses mesmos centros cerebrais associados à percepção da dor permaneciam alterados por muito tempo.
O estudo demonstra a efetividade da Acupuntura no tratamento da dor, aquilo que já era sabido por milhões de acupunturistas e pacientes há muito tempo. No entanto, essa comprovação científica abre caminho para que novas pesquisas sejam realizadas com as outras assim chamadas “medicinas alternativas”, como a homeopatia, a fitoterapia, os Florais e o Reiki, por exemplo. E, mais importante, abre caminho para que esses recursos terapêuticos possam ser incorporados ao rol de tratamentos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelos planos de saúde, tornando-os acessíveis a todos aqueles que buscam um tratamento eficaz, humanizado e com poucos efeitos adversos.
QUE TIPO DE DOR A ACUPUNTURA TRATA?
A Acupuntura é eficaz para todo tipo de dor. Pessoas que sofrem com fibromialgia beneficiam-se muito do tratamento com as agulhas, assim como dores nas costas, sejam quais forem suas causas. Atualmente, os hospitais mais modernos têm acupunturistas para tratar a dor de pacientes com câncer. Dores causadas por esforço repetitivo também são aliviadas ou mesmo abolidas com o uso da Acupuntura. Esses são alguns poucos exemplos de como a terapia é um recurso inestimável no tratamento da dor.
MAS AS AGULHAS NÃO CAUSAM DOR?
O curioso é que muitas pessoas evitam a Acupuntura por medo de sentir dor com as agulhas. Mas a verdade é que quase todos os pacientes não sentem incômodo com a introdução das agulhas, por elas serem extremamente finas. Geralmente, as pessoas dizem que a sensação é como se tivesse repuxado o local na hora a aplicação. Eu tenho uma paciente de mais de 80 anos que comenta que suas amigas a consideram muito corajosa por fazer Acupuntura, devido à dor, e ela sempre ri e garante que não sente nada com as agulhas.
A Acupuntura é indicada em qualquer idade, mesmo crianças pequenas podem receber as agulhas, embora não gostem muito. Grávidas podem fazer Acupuntura, e é bom lembrar que os resultados são excelentes para os enjoos da gravidez. Tudo isso sem efeitos colaterais, com exceção de possíveis e raros sangramentos minúsculos nas picadas.
A experiência com a Acupuntura nos países ocidentais, inclusive o Brasil, vem trazendo mais segurança aos pacientes da sua eficácia em diversas afecções que nos causam sofrimento, expandindo o número de pessoas satisfeitas com os seus resultados.
Artigo originalmente publicado na revista online Personare.