A busca por tratamento homeopático vem se expandindo em todo o mundo desde os anos 1990. Inúmeros pacientes demonstram o efeito benéfico da homeopatia sobre a sua saúde. Contudo, alguns grupos de médicos alopatas promovem ataques à credibilidade da homeopatia com frequência, baseados no fato de que o mecanismo de ação dos medicamentos homeopáticos não pode ser explicado com base nos conceitos bioquímicos convencionais. Uma afirmação comum é de que a ação dos remédios homeopáticos é implausível, e parecem não ser nada além de água. Alguns estudos recentes que exploram novos conhecimentos da biofísica têm mostrado que sim, a ação dos remédios homeopáticos é plausível também sob o olhar da ciência.
Em outubro de 2018, no Congresso de Médicos Homeopatas da Austrália, dois trabalhos chamaram a atenção, mostrando propriedades da água e a presença de nanopartículas nos remédios homeopáticos. Esses trabalhos confrontam a principal acusação dos ataques à homeopatia, de que seus remédios funcionam somente como placebo e não têm qualquer substância.
Alexander Tournier é um físico francês que, diante de uma doença que não melhorava com o tratamento convencional, aceitou tratar-se com homeopatia. Ao se curar com o tratamento homeopático, passou a dedicar suas pesquisas a descobrir qual é o mecanismo de ação desses remédios.
No Congresso australiano, ele apresentou um trabalho que mostra que a água assume formas diferentes de organização de suas moléculas, diferente de qualquer outra substância, o que afeta seu comportamento. Cada forma dessas é chamada de fase ou estado. Tradicionalmente aprendemos que são 3 estados da água: vapor, líquido (a água que bebemos) e sólido (o gelo). Hoje são conhecidos 15 estados da água.
O gelo, por exemplo, flutua por ser mais leve que a água no estado líquido. Isso contraria a regra de que as demais substâncias afundam e são mais pesadas quando em estado sólido.
Em imagens obtidas por Ressonância Nuclear Magnética percebe-se a diferença entre os medicamentos homeopáticos líquidos e substâncias diluídas na mesma proporção, mas sem passar pelo método de preparo dos homeopáticos (chamado dinamização). As substâncias que passaram pelo processo de dinamização apresentaram modificações na conformação das moléculas de água, causadas por alguma estrutura.
Também foram encontradas diferenças na capacidade de condução de eletricidade entre o medicamento homeopático em dinamizações tão altas como 100.000CH, na forma líquida e a água. Em seus trabalhos, o doutor Alexander Tournier identificou arranjos moleculares da água cerca de 3000 vezes menor que uma célula. Cada medicamento homeopático parece formar arranjos diferentes na água, criando uma identidade, e essa imagem que a água carrega poderia ativar receptores sensíveis a nanopartículas nas células do nosso corpo.
Essas pesquisas em torno da plasticidade da água como mecanismo de ação dos remédios homeopáticos têm arregimentado diversos pesquisadores importantes, entre eles o prêmio Nobel de medicina Luc Montagnier, que também é o responsável pela identificação do vírus HIV como causador da AIDS.
Esse assunto continuará na próxima edição. Por enquanto, ficamos no vão entre a estrutura da água e as nanopartículas.
Referências:
Jean-Louis Demangeat. Nanosized solvent superstructures in ultramolecular aqueous dilutions: twenty years’ research using water proton NMR relaxation. https://doi.org/10.1016/j.homp.2013.01.001
Dr. Alexander Tournier – AHMC 2018 Presentation including the properties of water