Nanopartículas e homeopatia

Você já deve ter ouvido que a homeopatia é uma pseudociência, que seus remédios não são mais do que água com açúcar. É preciso explicar como os remédios homeopáticos são produzidos para entender essa (falsa) acusação.  

               Digamos que seu médico lhe prescreveu Belladonna 30CH para tomar em gotas. Se a farmácia não tivesse nenhum estoque e fosse preparar do zero, ela pegaria a planta Belladonna e colocaria as folhas e flores imersas em álcool por um número determinado de dias, o que faria a extração das substâncias ativas da planta, que ficam em solução no álcool. Essa é a tintura-mãe, a partir da qual todas as demais dinamizações serão preparadas. Peraí, dinamização? O que é isso?

               O farmacêutico vai pegar uma parte dessa tintura-mãe e diluir em 99 partes de álcool ou água, e fazer sucussões, que são sacudidas vigorosas. Através desse processo, você terá a 1ª Centesimal Hahnemanniana, ou 1CH. Esse processo de diluir e sucussionar é chamado de Dinamização na metodologia farmacêutica da homeopatia. Uma parte da 1CH diluída em 99 partes de álcool ou água e sucussionada 100 vezes vai dar origem à 2CH, e daí por diante. Com a 1CH pronta, o processo segue da mesma forma até dinamização tão altas como 100.000CH ou mais.

               Um dos princípios fundamentais da química e da física é o de que a matéria é formada por pequenas partículas chamadas de átomos. Devido ao método de dinamização realizar diluições progressivas das substâncias para produzir o medicamento que você vai tomar, acreditava-se que numa dinamização acima da 12CH não restaria mais nenhum traço de matéria da substância original. No caso da Belladonna, então, depois de 12CH só restaria o álcool.

Os homeopatas, por constatarem que o resultado clínico é geralmente superior em dinamizações mais altas, geralmente muito mais altas do que 12CH, desenvolviam hipóteses para explicar o mecanismo de ação dos medicamentos homeopáticos. Os inimigos da homeopatia, como os grandes laboratórios farmacêuticos, afirmam que não existe nada ali e o que age é a fé do paciente no médico, o que é chamado efeito placebo. O efeito placebo não explica a ação do tratamento homeopático em bebês recém-nascidos, em animais de grandes criações que não têm contato com o veterinário e muito menos seu efeito em plantas, como tem sido constatado pelos agrônomos homeopatas.

Um médico indiano chamado E.S. Rajendran tem pesquisado os remédios homeopáticos em diferentes dinamizações, usando microscópio eletrônico extremamente potente. Em todas as dinamizações pesquisadas, como 6CH, 12CH, 30CH, 200CH, 1.000CH ou 100.000CH ele encontrou nanopartículas.

Nanopartículas são partículas muito pequenas, de 100 nanômetros ou menos. Para você ter uma ideia de quão pequeno é isso, em 1cm você poderia alinhar 10 milhões de nanopartículas. (Uma bactéria mede 1000 nanômetros, em média.) Elas são a base da nanotecnologia que já vem sendo usada em alguns remédios alopáticos, cosméticos, protetores solares, roupas etc. E agora o Dr. Rajendra demonstrou que já vinha sendo utilizada na preparação de remédios homeopáticos desde o início. Essas imagens são do Aurum metallicum 200CH. Usando um processo de identificação de substâncias chamado de espectrofotometria, ele se assegurou de que essas nanopartículas são átomos de ouro, a substância original. Pelo contrário, a observação de álcool puro no microscópio eletrônico não revelou nenhuma nanopartícula.

Você se recuperou TOTALMENTE da COVID?

Marcelo Guerra

Há mais de um ano já estamos enfrentando uma epidemia por um vírus que causa, acima de tudo, medo. Ainda que no início ele parecesse escolher alguns de nós como vítimas preferenciais dos casos mais graves, hoje vemos pessoas bem saudáveis sucumbirem. Os sintomas variam muito em como se apresentam. Alguns têm apenas um mal estar indefinido, outros, um quadro que lembra uma sinusite leve, ou um resfriado com um incômodo na garganta. Diarreia e enjoo também são bem frequentes, assim como dor de cabeça. Os mais graves têm dificuldades respiratórias severas.

               A recuperação nem sempre é total. Muitas pessoas relatam perda de vitalidade, com sintomas como cansaço aos pequenos esforços, demora em recuperar os sentidos do paladar ou do olfato, alterações na digestão, febres inexplicadas, dores estranhas em partes do corpo, dor de cabeça que se repete, queda de cabelos, flutuações da pressão arterial, tonteira, tosse, catarro. Além desses sintomas que o corpo exibe, algumas pessoas se sentem deprimidas ou com um aumento da ansiedade, após a COVID. Dificuldade de concentração ou de compreensão, assim como esquecimentos também podem acontecer.

               Por meio da homeopatia é possível reverter essas sequelas. Seu médico homeopata vai selecionar o tratamento de acordo com suas características físicas e mentais e com os sintomas que a doença deixou para trás. Assim, você poderá recuperar sua saúde ou minimizar esses sintomas e desfrutar da vida pós-COVID, afinal você venceu uma guerra!

Sobre a importância da vontade

Marcelo Guerra

Quando olhamos para o que vivemos até hoje, temos uma visão panorâmica, semelhante a quando você está no alto de uma montanha e pode ver a paisagem lá embaixo, com sua topografia, seus rios, suas ruas, suas casas e prédios. Cada esquina que você vê tem muita importância.

E qual foi a energia usada para construir essa paisagem da sua vida? Foi a vontade, essa força interna que nos impulsiona a superar obstáculos, que faz um atleta querer completar uma prova mesmo quando o corpo já não responde. Lembra daquela corredora suíça na maratona das Olimpíadas de Los Angeles? Aquele é um exemplo de vontade que foi televisionado para todo o mundo, mas todos os dias essa vontade faz com que pessoas acordem cedo e saiam para o trabalho, ou durmam mais tarde estudando para melhorar de vida. É a vontade que permite que muitas mulheres que vivem em situação de miséria consigam alimentar seus filhos pelo menos por hoje, mesmo que seja com comida recolhida do lixo de restaurantes. É a mesma vontade que serve como cimento para manter um casal juntos por longo tempo, apesar das dificuldades grandes e pequenas que sempre existem quando se juntam duas vidas.

A vontade é a energia que nos leva a fazer ou não fazer uma coisa, pelo exercício de nosso livre arbítrio ou livre determinação, sem necessidade de nenhuma influência externa que obrigue a isso.

A Medicina Chinesa considera que a vontade é um atributo que está diretamente ligado à formação de nosso corpo material. É muito mais do que um estado psíquico, é algo que tem uma ligação umbilical com o nosso corpo e nossa própria existência. Age de forma inconsciente e inteligente, modelando nosso destino, pelas nossas ações e escolhas.

Ela não é privilégio de alguns, não é um dom, como o daquele cara que tira música de ouvido no violão sem nunca ter feito uma aula. Todos nascemos com essa vontade. É com ela que vamos bordando nossa biografia. Preste atenção na sua história, que você vai reconhecer essa vontade e colocá-la para trabalhar a seu favor.  

A vontade é a energia que nos leva a fazer ou não fazer uma coisa, pelo exercício de nosso livre arbítrio ou livre determinação, sem necessidade de nenhuma influência externa que obrigue a isso.

A boa notícia é que é possível exercitar a vontade, como um treinamento. O primeiro passo é tomar consciência do que se quer. Daí que o trabalho para a concretização desse desejo deve se tornar um hábito. Para muitos, esse hábito vai se tornar chato e penoso no decorrer do tempo, afinal aquilo que é novo geralmente é mais atraente. Contudo, a certeza da meta a ser alcançada serve de combustível para superar esse desconforto da rotina e aplicar-se para atingir aquela meta que um deseja. Para esse exercício é bom começar com metas de curto prazo, para que a rotina inicialmente não se prolongue por um tempo longo. É um exercício, pense na academia. Você começa levantando 1kg, e acha impossível fazê-lo com 30kg. Mas com a continuidade da prática, os 30kg se tornam viáveis. Quando você começa a atingir metas que deseja, ainda que aparentemente pequenas, isso aumenta a sua autoconfiança e o desejo de buscar metas maiores. Não se deixe vencer pela rotina, ela pode ser sua aliada, se você colocar sua vontade em ação.

Texto originalmente publicado no portal Personare.

O que há de novo na pesquisa homeopática

A busca por tratamento homeopático vem se expandindo em todo o mundo desde os anos 1990. Inúmeros pacientes demonstram o efeito benéfico da homeopatia sobre a sua saúde. Contudo, alguns grupos de médicos alopatas promovem ataques à credibilidade da homeopatia com frequência, baseados no fato de que o mecanismo de ação dos medicamentos homeopáticos não pode ser explicado com base nos conceitos bioquímicos convencionais. Uma afirmação comum é de que a ação dos remédios homeopáticos é implausível, e parecem não ser nada além de água. Alguns estudos recentes que exploram novos conhecimentos da biofísica têm mostrado que sim, a ação dos remédios homeopáticos é plausível também sob o olhar da ciência.

Em outubro de 2018, no Congresso de Médicos Homeopatas da Austrália, dois trabalhos chamaram a atenção, mostrando propriedades da água e a presença de nanopartículas nos remédios homeopáticos. Esses trabalhos confrontam a principal acusação dos ataques à homeopatia, de que seus remédios funcionam somente como placebo e não têm qualquer substância.

Alexander Tournier é um físico francês que, diante de uma doença que não melhorava com o tratamento convencional, aceitou tratar-se com homeopatia. Ao se curar com o tratamento homeopático, passou a dedicar suas pesquisas a descobrir qual é o mecanismo de ação desses remédios.

No Congresso australiano, ele apresentou um trabalho que mostra que a água assume formas diferentes de organização de suas moléculas, diferente de qualquer outra substância, o que afeta seu comportamento. Cada forma dessas é chamada de fase ou estado. Tradicionalmente aprendemos que são 3 estados da água: vapor, líquido (a água que bebemos) e sólido (o gelo). Hoje são conhecidos 15 estados da água.

O gelo, por exemplo, flutua por ser mais leve que a água no estado líquido. Isso contraria a regra de que as demais substâncias afundam e são mais pesadas quando em estado sólido.

Em imagens obtidas por Ressonância Nuclear Magnética percebe-se a diferença entre os medicamentos homeopáticos líquidos e substâncias diluídas na mesma proporção, mas sem passar pelo método de preparo dos homeopáticos (chamado dinamização). As substâncias que passaram pelo processo de dinamização apresentaram modificações na conformação das moléculas de água, causadas por alguma estrutura.

Também foram encontradas diferenças na capacidade de condução de eletricidade entre o medicamento homeopático em dinamizações tão altas como 100.000CH, na forma líquida e a água. Em seus trabalhos, o doutor Alexander Tournier identificou arranjos moleculares da água cerca de 3000 vezes menor que uma célula. Cada medicamento homeopático parece formar arranjos diferentes na água, criando uma identidade, e essa imagem que a água carrega poderia ativar receptores sensíveis a nanopartículas nas células do nosso corpo.   

Essas pesquisas em torno da plasticidade da água como mecanismo de ação dos remédios homeopáticos têm arregimentado diversos pesquisadores importantes, entre eles o prêmio Nobel de medicina Luc Montagnier, que também é o responsável pela identificação do vírus HIV como causador da AIDS.

Esse assunto continuará na próxima edição. Por enquanto, ficamos no vão entre a estrutura da água e as nanopartículas.

Referências:

Jean-Louis Demangeat. Nanosized solvent superstructures in ultramolecular aqueous dilutions: twenty years’ research using water proton NMR relaxation. https://doi.org/10.1016/j.homp.2013.01.001

Dr. Alexander Tournier – AHMC 2018 Presentation including the properties of water

Ainda parado no vão

Mês passado falei sobre os vãos por que passamos, e acabei permanecendo nele para dizer algo que ficou faltando: o vão pode ser melhor do que o destino pretendido. Bom, essa é uma imagem que não pode ser tomada literalmente. Imagina ficar com o pé preso no vão do metrô… seria uma desgraça! Como metáfora, porém, serve muito bem.

Já defini objetivos para a minha vida que nunca obtive, tendo ficado nos vãos, que se mostraram mais agradáveis depois de algum tempo. Quando vim morar no interior, queria morar na zona rural, mas só foi possível por algum tempo. Logo meus filhos mais velhos cresceram e tinham atividades que impunham à minha ex-mulher e a mim uma logística muito complicada. Então saímos de Monnerat e viemos para o meio da muvuca friburguense: Rua Portugal nos anos 90, com shows de bandas heavy metal e punk debaixo da janela dia sim, dia também. Melhorou um pouco quando passamos a dormir com protetores auriculares de silicone, aqueles usados em piscina. Aí só sentíamos a vibração do apartamento… A rua Portugal foi um vão, logo nos mudamos para a Ponte da Saudade, onde pudemos novamente dormir com as orelhas livres.

Apesar de já trabalhar em Friburgo há 5 anos, a mudança para cá me deixou com muita saudade de Monnerat. Logo as vantagens de morar em uma cidade maior foram ofuscando o sentimento de não estar em casa, e fui amando cada vez mais Friburgo. Tanto, que quando fui me aventurar no Sul, voltei depois de pouco mais de um ano. Hoje penso que o que mais me incomodava no início era morar em um apartamento, porque quando nos mudamos para uma casa me senti novamente assentado.

Esse vão positivo que estou falando é o dos projetos alternativos, dos planos B, das surpresas que surgem e se mostram melhores do que qualquer plano que eu poderia ter elaborado. Também reconheço um vão positivo nos momentos de silêncio, em que posso olhar pra dentro de mim ou simplesmente não fazer nada. Essas interrupções no ciclo constante de ações e reações que a vida exige renovam nosso ânimo e, muitas vezes, são os momentos mais propícios para correções de rumo na própria história.

Sem mencionar a importância do vão representado pelas interrupções da atividade digital. Com a universalização do uso de smartphones, estamos conectados de modo virtual o tempo todo, seja trabalhando, jogando, interagindo em aplicativos de mensagens ou rolando a tela em redes sociais. Sair desse mundo virtual por momentos é um vão precioso, em que podemos nos contactar de verdade com outras pessoas ou objetos.

Encerrando, quis escrever esse texto como uma resposta ao meu anterior sobre o vão. Nem sempre o vão é negativo. Então, como saber se devo passar logo pelo vão ou me demorar um pouco mais nele? Essa possibilidade de discriminar exige uma habilidade: ATENÇÃO. Portanto, fique atento ao vão!

Fique atento ao vão

Tem frases soltas que a gente escuta na rua que nos fazem refletir, às vezes a gente voa no pensamento. O metrô de Londres repete em cada estação a já célebre frase “Mind the gap”, que foi geralmente traduzida como “cuidado com o espaço entre o trem e a estação”. Gap é melhor traduzido como vão, mas como não usamos muito essa palavra, realmente fica mais explícita a menção ao “espaço entre o trem e a estação”. Já o verbo mind, tem mais o significado de estar atento, tomar consciência, não sair estabanado do trem pensando na morte da bezerra e tropeçar na saída.
Bom, a minha reflexão não foi sobre as inúmeras possibilidades de cair ao sair do trem, numa sucessão imaginária de videocassetadas. Foi sobre os vãos que se apresentam nas nossas vidas. Momentos e situações que são passageiros, mas muitas vezes, encaramos como permanentes. Uma doença é um bom exemplo de vão. Eu mesmo, quando tive câncer, vivenciei como se fosse algo definitivo, ainda que soubesse de todas as probabilidades de cura ou morte para ambos os tipos de câncer. Depois de tudo resolvido, vi que o medo foi muito maior do que a ameaça. Pelo menos o medo não me impediu de fazer o que tinha que ser feito. A doença pode ser o mais óbvio dos vãos, mas não é o único.
Diferente do metrô, em que conseguimos enxergar o limite do trem e o da estação, não temos visão clara desses limites nos vãos da vida, o que torna muito mais difícil lidar com eles. Em um relacionamento você pode muito bem passar por um momento de vão. Momentos de desânimo, com vontade de ficar sozinho(a), em que podemos atribuir essa sensação à insatisfação com a parceira ou parceiro. Confundimos o vão com um estado permanente de coisas, e podemos tomar decisões que depois nos causam arrependimentos.
E o vão entre o que acreditamos saber e a realidade? Quantas vezes temos convicções profundas sobre um assunto que a realidade mostra que eram apenas um vão? Muitas vezes essas convicções caem arrastando outras que se escoravam nelas, como um castelo de cartas do qual você retira uma carta bem da parte baixa. Ainda que esse desabamento de convicções cause frustração e angústia, ele é melhor do que seguir acorrentado a uma convicção ilusória. E qual é a vacina e o remédio para isso? Estar atento ao vão.
O livro A Alma Imoral, do Nilton Bonder, fala do lugar que se torna estreito para a sua permanência nele, como um vão. Uma situação que já foi boa e não é mais, pode ser um vão bem acorrentador, e impõe muitas dificuldades para sair desse vão. Barreiras aparentemente intransponíveis nos prendem ao vão, que é alimentado pelos nossos hábitos, convicções, tradições, frases formadoras de nossos pais que ecoam na nossa mente como se fossem nossas mesmo, além da nostalgia de um tempo bom quando a situação era agradável. Para sair desse vão estreito, é preciso estar realmente muito atento a ele. Porque esse tipo de vão não provoca tropeções, prefere agir como uma areia movediça. Então, novamente, esteja atento ao vão! Porque o vão não é o seu destino final.

Você pode tratar o xixi na cama com Homeopatia

Se tem um problema que causa situações de vergonha nas crianças é o xixi na cama. Dormir na casa de colegas, participar de festas do pijama são uma agonia para essas crianças, isso quando aceitam participar. Esse problema é bem mais comum do que você imagina. O nome científico para isso é Enurese Noturna, e acontece com 1 em cada 10 crianças entre 6 e 10 anos, e com 1 em cada 20 com mais de 10 anos.
A causa da enurese é ainda desconhecida, mas o que se sabe é que se um dos pais tiver passado por esse problema na sua infância, a probabilidade de que um filho também o apresente é muito grande. É necessária avaliação médica para afastar a possibilidade de alguma causa anatômica que possa ser corrigida, ainda que isso seja muito raro.

Alguns trabalhos científicos recentes têm reforçado a eficácia do tratamento homeopático para a enurese noturna.

A maioria dos pais compreende que esse xixi na cama é totalmente involuntário, mas alguns insistem em atribuir culpa à criança, assim somando o medo à vergonha. Até os 15 anos esse problema já terá sido superado por quase todos os adolescentes, sem nenhum tratamento. Mas devido ao impacto psicológico e social que causa na criança, é melhor tratar antes. Existem tratamentos alopáticos e homeopáticos para isso. O homeopático tem a vantagem de não oferecer efeitos colaterais.
Alguns trabalhos científicos recentes têm reforçado a eficácia do tratamento homeopático para a enurese noturna. Há a mesma eficácia do tratamento alopático, com menor retorno dos sintomas após 6 meses.
Muito além do tratamento com remédios, sejam homeopáticos ou alopáticos, é preciso ter em mente que a criança que faz xixi na cama não escolheu isso. É algo que foge à sua vontade. Ela não o faz de propósito!

Se você fazia xixi na cama quando criança, provavelmente passou por situações de vergonha e deixou de fazer muitas coisas que desejava, mas tinha medo de passar por uma situação de ridículo.

Ela necessita o apoio daqueles que são responsáveis por seus cuidados, no caso, seus pais. A criança deposita uma confiança quase que absoluta em seus pais nessa idade e suas palavras deixam marcas permanentes na mente, como se fossem tatuagens mentais. Essas marcas repercutem na vida adulta de forma inconsciente, afetando a autoimagem, a autoestima, o valor próprio. Se você fazia xixi na cama quando criança, provavelmente passou por situações de vergonha e deixou de fazer muitas coisas que desejava, mas tinha medo de passar por uma situação de ridículo.
Olhando novamente para os números do primeiro parágrafo, 1 em cada 10 crianças faz xixi na cama, o que é um número bem relevante, e mostra que não é uma situação rara. No entanto, não se toca nesse assunto, ele é geralmente tratado como um segredo familiar. Quando alguma criança vem à consulta e um dos pais menciona esse problema, geralmente tem uma introdução, não é falado diretamente: “a gente tem um probleminha à noite”. A reação habitual da criança diante dessa fala inicial é pedir para que não fale nada. É preciso encarar com mais naturalidade o problema do xixi na cama, e oferecer à criança apoio ao invés de críticas, além do tratamento médico adequado.
Referência :
An open observational trial evaluating the role of individualised homoeopathic medicines in the management of nocturnal enuresis.
Saha Sangita, Tamkeen Rumsha, Saha Subhranil
Year : 2018 | Volume: 12 | Issue Number: 3 | Page: 149-156

O pão nosso de cada dia

Eu gosto de pão. E gosto ainda mais de fazer pão. Tudo começou com uma receita de massa de pizza que minha mãe me ensinou há muito tempo. Minhas pizzas faziam sucesso na família, e eu comecei a mexer na receita. Substituí um pouco de trigo branco por uma parte do integral, substituí margarina por manteiga para evitar azia, e por aí vai. Um dia resolvi fazer um pão com a massa que sobrou e gostei bastante do resultado. Foi quando comecei a pesquisar sobre pães e a testar diferentes receitas. Até que um grande amigo me falou de fermentação natural, o lévain ou sourdough. Eu sequer podia imaginar que fosse possível fazer o seu próprio fermento. Aí se abriu um novo desafio para mim. Tentei diferentes receitas e não conseguia fazer um fermento que durasse mais de 4 dias. Até que neste mês eu consegui fazer e ele já está com 21 dias! Com ele, fiz pão umas 4 vezes, com resultados variáveis. Fazer o pão com tantas variáveis que podem dar errado tem me feito pesquisar e refletir sobre o tema.

O pão é o resultado da interação harmoniosa dos quatro elementos: o trigo que vem da terra, a água que vai ser o veículo de todas as reações químicas e biológicas que vão dar a consistência e o sabor, o fermento que vai gerar o ar dentro dessa estrutura que é maciça no início, e o fogo que vai transformar isso tudo no fim das contas.

São muitas as situações que percebo em minha vida que teria sido necessário “fermentar” um pouco mais

Além dos quatro elementos, há um quinto, que é essencial para fazer um pão e também para a maioria dos grandes acontecimentos de nossas vidas: o tempo. Sem usar o tempo como um ingrediente, o pão fica pesado e duro, ou mal assado, ou queimado. O uso de diferentes fermentos traz diferentes resultados principalmente ao sabor e requer diferentes durações do descanso da massa. Com o fermento industrial, o pão está pronto para ir ao forno após uma hora. Com o fermento natural, preciso pelo menos de 12 horas. Enquanto o pão feito com o fermento industrial apresenta um sabor quase neutro, bom para servir de suporte para os diferentes recheios, o pão com fermentação natural apresenta uma mistura dos sabores doce e ácido que o torna agradável de comer por si só.

Para trabalhar com algo que requer tempo, como a fermentação natural exige, é preciso planejamento. Não posso chegar em casa do trabalho e amassar um pão para assar ainda à noite e servir como lanche. Preciso amassar de um dia para o outro. Após umas três horas de amassado e sovado, se vou conferir, parece que não mudou nada, a impressão é de que esse fermento não vai funcionar. No entanto, no dia seguinte, pela manhã, constato um crescimento apreciável da massa, embora ainda não haja uma explosão de bolhas como o fermento industrial gera. Mas depois de 24h fermentando, encontro uma massa bem estruturada e leve, com um aroma todo próprio, e após assar, me delicio com um pão de sabores e texturas que eu não conhecia.

São muitas as situações que percebo em minha vida que teria sido necessário “fermentar” um pouco mais, e não atirado a massa fora achando que havia desandado. Fazer o pão tem me dado a chance de meditar sobre como lido com o tempo nas minhas demandas. Geralmente não lido, simplesmente busco atalhos que não vão me proporcionar o sabor de um bom pão fresco, rico em sabor. O tempo é um ingrediente que é geralmente desprezado na cozinha de muita gente, é sentido mais como um entrave do que como um aliado. O ato de observar o lento crescimento do pão e sentir o aroma que vai se formando ao longo de 24h é algo prazeroso. Uma comparação fácil é com uma viagem que você planeja com antecedência, é como se toda a preparação já fosse o início do deleite da viagem, e esta em si é a apoteose de todo esse processo.

Esse lidar com o tempo, usá-lo a meu favor, é algo que estou aprendendo para poder viver situações que tenham sido plenamente desenvolvidas e deixar de descartar precocemente aquilo que poderia ser muito positivo. É um processo lento, que requer TEMPO.

O que você faz com seus talentos?

Na metodologia do Trabalho Biográfico dividimos a vida em períodos de 7 anos, que chamamos Setênios. Esta divisão tem um propósito didático, mas contém em si uma sabedoria, já conhecida dos antigos filósofos gregos, que primeiro propuseram esta divisão. Cada passagem de setênio é marcada por acontecimentos que levam a vida para uma direção diferente. Às vezes esses acontecimentos são externos, fatos verdadeiramente, mas muitas vezes são internos, mudanças de nossa percepção em relação ao mundo. Sejam internos ou externos, esses acontecimentos provocam crises na nossa existência.
Por volta dos 28 anos, às vezes um pouco antes ou um pouco depois, vivemos a Crise dos Talentos. Até os 21 anos fomos educados, e no início da vida adulta experimentamos o que aprendemos em nossa vida pessoal, amorosa e profissional, muitas vezes de forma impulsiva, guiados mais pelos sentimentos e sensações do que pela razão. Chegando aos 28 anos, estamos desenvolvendo mais o pensamento racional, e cada decisão passa a ser muito mais pesada e medida do que apenas sentida. Muitas pessoas dizem que “agora a juventude acabou”, e buscam situações mais estáveis na vida. Por exemplo, se você mudou muito de emprego, sempre seguindo as propostas e possibilidades de aprender algo novo, agora já buscará estabelecer um momento mais estável na sua carreira, seja através de um emprego ou mesmo por conta própria. Não estou falando de arrependimento em relação às mudanças do início da vida adulta, já que essa multiplicidade de experiências fez com que você desenvolvesse múltiplos talentos.
E a Crise dos Talentos leva você a pensar: “saí pelo mundo, pela vida, vivi muitas situações, aprendi muita coisa, desenvolvi muitos talentos mas… e agora? O que eu faço com meus talentos daqui para a frente? Sobre quais talentos eu quero trabalhar para que se desenvolvam mais e possam tornar-se uma faculdade em minha vida? Quais talentos preciso deixar de lado, totalmente ou pelo menos parcialmente, por não me servirem mais ou não me interessarem mais?”
Muitas vezes a Crise dos Talentos aparece como um questionamento de suas próprias capacidades. Em minha vida, apareceu entre os 28 e os 29 anos. Eu trabalhava como médico homeopata e pediatra em uma cidade muito pequena, perto de Nova Friburgo, e era o único homeopata da cidade. Tinha muitos clientes, ganhava bem, tinha um nome respeitado, mesmo sendo tão novo e estar formado há apenas 5 anos. Já não precisava mais dar plantões, passeava nos finais de semana com a família, viajava frequentemente. Tudo de bom! Aí começou o comichão… Eu me questionava se era realmente um bom médico homeopata ou se fazia sucesso por ser o único na cidade, tipo ’em terra de cego quem tem um olho é rei’. Resolvi mudar para Friburgo e começar a trabalhar lá, já que é uma cidade muito maior, e tem uma tradição em termos de homeopatia, sempre com muitos médicos homeopatas (proporcionalmente à população, tem mais homeopatas que a maioria das capitais). Logicamente mantive alguns dias no antigo consultório, não foi um salto sem rede de proteção, mas aos poucos fui aumentando meus horários no consultório de Friburgo, e tudo deu certo. Eu tinha talento pra coisa! Daí começou uma nova fase em minha vida, com novas possibilidades (o contato com a Antroposofia começou aí, aos 28 anos, através de uma amiga de Friburgo).
Esta Crise dos Talentos muitas vezes é deflagrada por alguém, um amigo ou alguém que passa batido pela nossa vida, que fala alguma coisa e cria esse comichão. Pode ser também um livro, um filme, mas sempre levando a um profundo questionamento do que fazer com os talentos que conquistamos até então.
Observe na sua história, se você já passou dessa idade, o que pode ter sido essa Crise dos Talentos. E, se você ainda não chegou aos 28 anos, esteja de olhos e ouvidos abertos para os questionamentos que vão surgir nesta fase. Eles vão lhe trazer uma certa angústia, afinal a palavra ‘crise’ não é retórica, mas você vai entrar num novo rumo em sua vida, num crescimento pessoal muito recompensador.

Marcelo Guerra

Artigo originalmente escrito para a Revista Personare.

As vivências da infância no cuidado de si


A investigação das experiências infantis e sua influência na biografia do adulto.
Carinho, cuidado, confiança, coragem, resiliência: aprendizagens da infância que organizam a experiência do adulto.
De que maneira a sua infância influencia a sua vida hoje?

Dentro de cada um de nós ressoa ainda a nossa infância, que participa da nossa percepção e apreciação do mundo, daquilo que vivenciamos e sentimos, e é indispensável que esse ressoar seja saudável para que possamos ser adultos completos!
Muitas vezes não recebemos os cuidados e atenção que precisávamos quando crianças para podermos nos desenvolver de forma plena. Não poucas vezes sofremos abusos quando crianças, sejam físicos, sexuais ou com palavras. Ouvimos ofensas daqueles que deveriam nos proteger e cuidar. Palavras duras, como “você é muito preguiçoso”, “você não consegue aprender nada”, “você só faz besteira”, “você não presta mesmo”. Tudo soa como profecias que precisamos cumprir em nossas vidas, e assim vamos agindo para confirmar as palavras daqueles que amamos tanto.
Outras vezes as palavras vieram inflar nosso ego infantil, causando dificuldades na vida adulta da mesma maneira. Essa situação é exemplificada por elogios exagerados como “você é o melhor”, “minha filha nunca me deu trabalho, sempre foi comportada e obediente”, “você é a mais linda de todas”, “ninguém supera sua inteligência”.


Carregamos essas falas como verdades inconscientes.

Tanto as falas negativas quanto as positivas podem fazer com que a criança em desenvolvimento molde o seu comportamento de acordo com elas. Carregamos essas falas como verdades inconscientes. Por serem inconscientes, são mais difíceis de ser identificadas sem um trabalho terapêutico. 
Por outro lado, o que vivemos na infância é capaz de criar em nós a confiança nas outras pessoas, a criatividade que nos permite solucionar problemas quando adultos e a nossa capacidade de cultivar amizades. 
Ainda podemos libertar essa memória pulsante de nossa infância dessa dor que não foi expressa e que fica fazendo pirraça ou agindo de acordo com as ofensas que interiorizou desde criança, coisas que não cabem mais na vida de um adulto sadio, e atravancam nossos relacionamentos, nossa vida profissional e, principalmente, nossa autoestima! Porque o que essa criança quer mesmo é brincar, fazer amigos, criar e ser livre!!!


Transformar a dor em criatividade

Nesta vivência, buscaremos identificar os pontos da sua infância que influenciam suas atitudes de hoje, para que possamos trabalhá-los em grupo, buscando entendê-los e transformar a dor em criatividade que nos permita viver uma vida mais de acordo com o que sonhamos e não com o que nos (mal) profetizaram.
Este trabalho será realizado em grupo, com interações entre os participantes, que serão incentivados a criar um bebê-estrela, a partir de suas biografias.
Venha com uma roupa confortável, traga fotos suas de quando criança, brinquedos que você ainda tenha, objetos de sua infância que são importantes para você.

Quem coordena?

Marcelo Guerra, médico e terapeuta biográfico.

Nina Veiga, Psicopedagoga artística e doutora em educação e coordenadora da Pós-Graduação em Artes-Manuais para Terapias.

Quando e onde?
De 18 a 20 de janeiro de 2019, entrando às 18h de sexta e saindo até as 16h de domingo. 
A nossa estadia será no Centro Holístico Urucum – Sítio Vale de Luz, em Nova Friburgo, e inclui hospedagem compartilhada com refeições ovolactovegetarianas incluídas. Pode ser combinada hospedagem em quarto individual.

Quanto?
R$960, que podem ser parcelados em 3 vezes.
A inscrição pode ser feita pelo e-mail marceloguerra@terapiabiografica.com.br ou pelo WhatsApp (22)98175-7030.