Amizades de Longa Data

Segundo um amigo, a vida é como rapadura: é doce, mas não é mole, não!

Nos momentos mais duros, em que precisamos de um ombro amigo, muitas vezes é a um amigo de infância que recorremos. O que torna tão especial uma amizade que foi construída há tantos anos? Numa olhada superficial, o fato da longa duração da amizade de infância já a torna especial. Mas há algo mais, muito mais!

Na metodologia do trabalho biográfico, estudamos o desenvolvimento do ser humano com um viés evolutivo, em que cada um vai tomando contato e expressando cada vez mais a sua essência, o que se chama “individuação”. Nesta metodologia, dividimos didaticamente a vida em períodos de sete anos, os chamados “setênios”. No primeiro setênio, de 0 a 7 anos, a criança tem uma dependência e ligação quase exclusiva de sua família. No

segundo setênio, de 7 a 14 anos, a criança divide essa ligação com a escola. Ela vive em dois mundos diferentes, a casa e a escola. Ela depende dos cuidados e autoridade dos pais e das professoras e professores.

Buscando identificação

É neste segundo setênio que a criança aprende a criar amizades, encontrando outras crianças que têm os mesmos interesses. Através dessa identificação, a criança cria um vínculo que ela escolheu e torna-se amiga de alguém. Um amigo que vai escutar suas reclamações sobre seus pais, suas dificuldades com os outros colegas, suas alegrias simples, suas brincadeiras.

Quando temos um amigo pela primeira vez, criamos uma nova imagem do que são os limites.Quando temos um amigo pela primeira vez, criamos uma nova imagem do que são os limites. Se até então, os limites eram impostos pelos pais e/ou professores, agora os limites são parte de um acordo explícito ou implícito entre dois amigos, porque não queremos magoar um amigo

nem ser magoados por ele. Este é o germe do respeito que deve haver em todos os relacionamentos. E que levamos para a vida adulta para desenvolvermos no respeito entre colegas de trabalho, no respeito na vida amorosa e por aí vai…

Nesta fase, a criança ainda vê o mundo sem as lentes das ideologias (que ela vai buscar no próximo setênio, durante a adolescência) e pode ver o mundo de uma forma ingênua, mais carregada de fantasia, experimentando-o e saboreando-oo de uma forma própria. A adolescência simboliza a queda do paraíso, em que as fantasias e essa visão ingênua dão lugar à crítica e à divisão. Na vida adulta, quando nos defrontamos com situações mais duras, o amigo de infância é aquele porto seguro, o que traz aconchego e confiança, que nos permite dissolver essa dureza e perceber novamente a doçura da rapadura que é a vida.

Dedico este texto a Orlando, meu querido e leal amigo desde os 11 anos, duplamente compadre, que sempre tem uma palavra amiga que me faz ver o mundo com os olhos alegres e confiantes de uma criança.
Artigo originalmente publicado na Revista Personare

A Luz e a Sombra


“Aquele que aprisiono com meu nome fica gemendo nesta prisão.

Vivo ocupado em construir este muro à minha volta;

e, dia a dia, à medida que o muro sobe até o céu,

vou perdendo de vista meu verdadeiro ser na escuridão de tua sombra.

Orgulho-me deste alto muro e o revisto com terra e areia,

para que não se veja nenhuma rachadura neste nome.

E, com os cuidados todos que tomo,

vou perdendo de vista meu verdadeiro ser.”

Rabindranath Tagore

Cada vez mais nos afastamos de qualidades que retratam a essência do nosso EU, gerando como consequência sofrimento e dor. O workshop A Luz e a Sombra na Alma Humana tem por objetivo trabalhar de forma vivencial as forças da alma vinculadas ao sentido do olfato, ampliar a qualidade de contato e levar à reflexão sobre a forma como lidamos em nossa vida diária com a nossa própria violência e vícios.

Está baseado no segundo trabalho de Hércules, em que o Herói luta contra uma hidra de muitas cabeças, que representam nossas sombras, nossas máscaras, que criamos como defesas e depois se tornam nossas prisões. Este workshop é destinado às pessoas que desejam trabalhar o autodesenvolvimento.

Metodologia:

Palestras, atividades artísticas, danças circulares, pesquisa na própria biografia e outras vivências em grupo.

  • O que representam as cabeças da hidra na minha vida?
  • Quais são as sombras que preciso levar à luz para retirar sua força?
  • O que aprendo de mim mesmo ao reconhecer minhas sombras?

Quem coordena?

Rosângela Cunha, Psicóloga, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Biográfica

Marcelo Guerra, Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico

(Formação Biográfica – Minas Gerais – Escola Livre de Formação Biográfica

Membro do International Trainers Forum em conexão com a General Anthroposophical Section of the School of Spiritual Science do Goetheanum – Dornach/Suiça.)

Quando e onde?

De 12 a 14 de março de 2010, no Chateau dos Jesuítas, em Monnerat ( Duas Barras) – RJ.

De 26 a 28 de março de 2010, no Centro Paulus, em São Paulo – SP

Quanto?

Em Monnerat:

(Os preços incluem estadia em quartos individuais, com alimentação no período do workshop. A inscrição é efetivada com o depósito da primeira parcela.)

  • R$680,00 ou 4X R$170,00.
  • Preço promocional para os inscritos até 31/01/2010: R$540,00 ou 4X135,00.

Em São Paulo:

(Os preços incluem estadia com alimentação no período do workshop. A inscrição é efetivada com o depósito da primeira parcela.)

  • Suíte individual: R$820,00 ou 4X R$205,00.
  • Quarto individual: R$680,00 ou 4X170,00.

Mais informações e inscrições:

Rosângela: (31)8532-2217ou (32)8887-8660 santana@terapiabiografica.com.br

Marcelo: (11)6463-6880, (22)9254-4866 ou (21)7697-8982 marceloguerra@terapiabiografica.com.br

COMO CHEGAR A MONNERAT:

ÔNIBUS DA VIAÇÃO 1001 DIRETO, SAINDO DO RIO DE JANEIRO E NITERÓI (saídas do Rio às 9:10h e 14:15h; e os mesmos ônibus param na Rodoviária de Niterói e saem 30 minutos depois de cada horário, ou seja, 9:40h e 14:45h). É possível também tomar um ônibus até Nova Friburgo, que oferece muito mais horários e outro a partir de lá. O tempo de viagem é de cerca de 3h e 40 minutos de ônibus.Para quem vai de carro, é só pegar a estrada RJ-116 (Niterói-Friburgo) e seguir direto. Após passar por Nova Friburgo, continuar na mesma estrada por aproximadamente 30 minutos. Monnerat fica no km 117 desta estrada.

O lado feminino presente no homem

Artigo originalmente publicado na Revista Online Personare

“Ser um homem feminino não fere o meu lado masculino.” (Pepeu Gomes)

Tanto os homens quanto as mulheres compartilham características que podem ser consideradas masculinas e femininas. Isso ocorre biologicamente e também animicamente. Biologicamente, os hormônios sexuais, estrogênio e testosterona, estão presentes em ambos os sexos, mas em proporções diferentes. O estrogênio é mais preponderante na mulher e a testosterona, no homem.

Animicamente, há dois arquétipos relacionados ao gênero, chamados Anima e Animus. O Animus é o arquétipo masculino presente na mulher e o Anima, o arquétipo feminino presente no homem. É sobre este último que este texto trata.

A Anima é um arquétipo que carrega as qualidades de contração, introspecção, acolhimento, o nutrir o outro, maternidade, o cuidar do outro. São qualidades tradicionalmente associadas ao feminino, e que o homem carrega em sua vida psíquica e pode, ou não, desenvolver ao longo da sua biografia.

Quando somos crianças e adolescentes, recebemos de fora nossa educação, seja pela família, pela escola, pelos grupos que frequentamos, pelas ideologias a que aderimos. Quando nos tornamos adultos, a nossa educação fica em nossas mãos, torna-se auto-educação, e todo nosso desenvolvimento a partir de então está sob nossa responsabilidade.

O cultivo e desenvolvimento da Anima pelo homem depende, então, de sua própria vontade. Nos primeiros anos da vida adulta, o homem se vê diante de circunstâncias que frequentemente o impelem à competição, e isso mantém a sua Anima meio adormecida, latente. Essa competição aparece na vida profissional, onde é mais evidente, assim como nos relacionamentos, em que a busca por uma parceira pode tomar ares de uma verdadeira caçada.

Já na faixa dos trinta anos, o homem (assim como a mulher) já busca temperar mais a razão (característica arquetipicamente masculina) com a emoção (característica arquetipicamente feminina) e assim há um surto de desenvolvimento de sua Anima, como se fosse a puberdade da Anima. As decisões já levam em conta não só fatores materiais, lógicos, mas também sentimentais. No trabalho, por exemplo, ter um bom salário já não representa o único, nem o mais importante, critério para um homem escolher um emprego. Estar num ambiente de trabalho agradável, junto com pessoas amigáveis, conta muito mais. No relacionamento, o fato de uma mulher ser bonita e gostosa diminui um pouco de importância aos olhos do homem, que passa a valorizar mais os atributos de companheirismo, carinho, atenção.

O desenvolvimento da Anima prossegue após esse ‘estirão’ e na faixa dos cinquenta anos a Anima amadurece e floresce no homem (sempre lembrando que a opção ‘ou não’ também é válida, afinal de contas somos livres para escolher o rumo de nossas vidas). Assim, nos relacionamentos amorosos e familiares, o homem passa a ser mais carinhoso, afetuoso, emotivo, demonstra mais os seus sentimentos. No trabalho, tem um cuidado maior com os colegas, principalmente com os mais jovens, de quem muitas vezes pode se tornar uma espécie de tutor e protetor.

Lembro que meu pai, que era um pai disciplinador, autoritário, nessa época me beijou pela primeira vez, o que me causou surpresa e alegria. O pai autoritário tornou-se um avô que cozinhava para nos receber, que puxava os netos pela casa em cima de um ‘tapete voador’, que aprendeu a dizer ‘eu amo você’, que admitiu que sentia muita saudade do pai que morrera há tantos anos, que chorava ao ser homenageado por estagiários em seu trabalho (ele era enfermeiro).

A Anima é um tesouro na vida anímica do homem, que traz conforto e maciez à própria existência e à daqueles com quem se relaciona. Por isso, homens, vamos cuidar bem de nosso lado feminino e fazer um mundo mais carinhoso.

Dedico este texto à memória de Warner, meu pai.

Curso DAO: Observação e Sentido

Uma nova forma de intervenção terapêutica e pedagógica.

No trabalho terapêutico e na educação a Observação e o Sentido são os dois pilares. A Observação busca no exterior o que o Sentido vai elaborar no interior. Neste curso teórico-vivencial iremos abordar os conceitos que permitirão que você desenvolva sua capacidade de observar de forma a obter sentido nas diferentes situações encontradas em sua vida e em seu trabalho.

Tópicos:

  • A Antroposofia e seus princípios básicos;
  • A Biografia Humana;
  • Observação Goetheanística;
  • Potenciais anímicos: Pensar, Sentir, Agir;
  • Vocação e Profissão.

Público Alvo: Profissionais e estudantes dos últimos períodos de Psicologia, Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Serviço Social, Pedagogia e todas as demais carreiras da Educação.

Coordenação:

Rosângela Cunha
Psicóloga, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Biográfica


Marcelo Guerra
Médico Homeopata, Acupunturista e Terapeuta Biográfico

Formação Biográfica – Minas Gerais – Escola Livre de Formação Biográfica
Membro do International Trainers Forum em conexão com a General Anthroposophical Section of the School of Spiritual Science do Goetheanum – Dornach/Suiça.)

Em Juiz de Fora:

Encontros quinzenais, às quintas-feiras, de 18h às 20h,
Datas: 11/03, 25/03, 8/04, 22/04, 06/05, 27/05, 17/06 e 01/07 de 2010, num total de 8 encontros.

Em Nova Friburgo:

Encontros quinzenais, às quartas-feiras, de 18h às 20h,
Datas: 17/03, 31/03, 14/04, 28/04, 12/05, 26/05, 09/06, 23/06 de 2010 , num total de 8 encontros.

Preço: R$800,00 divididos em 4 parcelas de R$200,00.
Grupos pequenos.

Escreva para santana@terapiabiografica.com.br ou marceloguerra@terapiabiografica.com.br para mais informações. Ou ligue para falar com um de nós:

(21)7697-8982 ou (22)9254-4866, Marcelo

(32)8887-8660 ou (31)8532-2217, Rosângela

Grupo de Terapia Biográfica em Nova Friburgo

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Estamos formando novos grupos de Terapia Biográfica em Nova Friburgo (RJ). Se você tiver interesse em participar e aprender mais sobre você, venha participar. As reuniões serão realizadas uma vez por semana, em sessões de 2 horas de duração. Trabalharemos com arte e palavras, revelando o Eu interior.

Na Terapia Biográfica a arte é um elemento fundamental, assim como em todas as atividades humanas ela é um elemento harmonizador.

O impulso artístico proposto por Rudolf Steiner — e formulado pela antroposofia por meio da euritmia, escultura, pintura e arte da fala — é o machado afiado que possibilita ao aprendiz entrar em contato com seus próprios meios. Na busca do elemento artístico específico de cada arte, a pessoa depara-se com o universo dos fenômenos, conhece suas formas de expressão, e pode criar a partir de elementos como equilíbrio, movimento, cor, som, forma, ritmo, etc. A aproximação com tais elementos exige concentração e auto-observação, qualidades que se adquirem durante o próprio fazer artístico.

Ao criar algo completamente novo, saído inteiramente do seu interior, a pessoa trabalha e mostra seus limites ao mesmo tempo em que afirma sua individualidade e valoriza a si mesma. E é assim que, com a ajuda da arte, dá os primeiros passos rumo à superação de si mesma.

O fazer artístico ampliado pela antroposofia é sempre um veículo de expressão da alma. A intenção terapêutica é o equilíbrio e a harmonização interna do indivíduo.

Coordenação: Marcelo Guerra, Médico Homeopata, Acupunturista e Terapeuta Biográfico formado pela Escola Livre de Formação Biográfica de Minas Gerais (Membro do International Trainers Forum em conexão com a General Anthroposophical Section of the School of Spiritual Science do Goetheanum – Dornach/Suiça).

Local: Rua Ernesto Brasílio, 14 sala 408 – Centro – Nova Friburgo – RJ

Horário: terças-feiras, de 14h às 16h.

Início: 2 de fevereiro de 2010.

Preço: R$120,00 por mês.

Inscrições: marceloguerra@terapiabiografica.com.br ou (22)9254-4866 (deixe mensagem de voz ou de texto)

Workshop Biográfico em Juiz de Fora

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Cada vez mais nos afastamos de qualidades que retratam a essência do nosso EU, gerando como consequência sofrimento e dor. O workshop A Luz e a Sombra na Alma Humana tem por objetivo trabalhar de forma vivencial as forças da alma vinculadas aos sentidos térmico e do olfato, ampliar a qualidade de contato, promover a conscientização dos mesmos e levar à reflexão sobre a forma como lidamos em nossa vida diária com a nossa própria violência e vícios.

Está baseado nos dois primeiros trabalhos de Hércules, sendo destinado às pessoas que desejam trabalhar o autodesenvolvimento.

Metodologia:

Atividades artísticas, danças circulares e outras vivências em grupo.

  • Como é o leão dentro de mim? Como ele age e reage?

  • Que leões eu enfrento na minha vida?

  • Como eu lido com minha agressividade? Como eu lido com a agressividade dos outros?

  • Como são meus impulsos sociais e anti-sociais?

  • O que representam as cabeças da hidra na minha vida?

  • Quais são as sombras que preciso levar à luz para retirar sua força?

Quem coordena?

Rosângela Cunha, Psicóloga, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Biográfica

Marcelo Guerra, Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico

(Formação Biográfica – Minas Gerais – Escola Livre de Formação Biográfica
Membro do International Trainers Forum em conexão com a General Anthroposophical Section of the School of Spiritual Science do Goetheanum – Dornach/Suiça.)

Quando e onde?

De 13 a 15 de novembro de 2009, no Seminário da Floresta, em Juiz de Fora.

Quanto? Os preços incluem estadia em quartos individuais, com alimentação no período do workshop. A inscrição é efetivada com o depósito da primeira parcela.

  • R$680,00 ou 4X R$170,00.

Mais informações e inscrições:

Rosângela: (31)8532-2217ou (32)8887-8660 santana@terapiabiografica.com.br

Marcelo: (22)9254-4866 ou (21)7697-8982 marceloguerra@terapiabiografica.com.br

Vitória no 1º trabalho de Hércules

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Como vocês já devem ter visto em um post anterior, eu e Rosângela vamos realizar um workshop esta semana, chamado A Luz e a Sombra na Alma Humana. Marcamos para o Retiro das Rosas, depois de desmarcar no Sítio Sertãozinho. Estava marcado para o Sertãozinho desde abril, mas não formamos um grupo confirmado, várias pessoas dizendo que gostariam de ir, mas ninguém confirmou. No meio de junho eu tinha que confirmar a hospedagem e desmarcamos. Começou o plano B. Liguei para o Retiro das Rosas, e eles estariam lotados por causa de um retiro de uma igreja, mas iam ver o que poderiam fazer. Conseguimos então acomodação. Num último e-mail, a funcionária de lá me perguntou que recursos eu precisaria. Eu respondi e ela não respondeu mais a este respeito, só a respeito da reserva da dezembro, para o biográfico de Natal. Para mim, estava tudo certo. Sexta-feira passada, liguei para ver os últimos detalhes e não havia reserva em meu nome para esta semana. Um grupo de medicina antroposófica ligou depois de mim, confundiram com meu grupo e reservaram para eles, que já até pagaram. Aí a coisa ficou realmente complicada, pois já existe o grupo, e estávamos sem teto. Pensamos em umas 5 opções de reserva, todos lotados. Aí decidimos confiar mais (como na meditação de Micael) e ontem na hora do almoço, o Retiro das Rosas confirmou os apartamentos e a sala para o evento. Bem, este foi nosso trabalho mais difícil, e que causou mais medo até agora. Agora vou confirmar 10.000 vezes cada evento!

Praticando o Desapego

Cena do filme Partidas


A entrega do Oscar de melhor filme estrangeiro neste ano trouxe uma surpresa. O filme japonês Partidas (Departures /Okuribito) levou a tão desejada estatueta no lugar de outros filmes mais incensados pela crítica. Mas afinal de contas, o que Partidas tem que o torna tão especial? Trata-se da história de um homem na faixa dos 20 anos, casado, que toca violoncelo numa orquestra em Tóquio, e esta é dissolvida pelo patrocinador. Ele volta à sua cidade natal com a sua mulher e consegue um emprego no qual ganha muito bem. O que o desagrada é o novo trabalho em si: arrumar defuntos para serem cremados, numa cerimônia em que a família da pessoa morta está presente. À medida em que ele persiste no emprego, começa a perceber a importância do que faz e a dignidade de honrar os mortos em sua despedida.

Um outro filme, este feito para a TV, pela HBO, chamado Correr Riscos (Taking Chance) mostra um coronel que escolta o corpo de um soldado morto na guerra do Iraque para ser entregue a seus pais no interior, e também fala de despedir-se com dignidade.

A morte faz parte da vida, mas muitas vezes a negamos, talvez pelo medo, talvez por estarmos ocupados demais tentando sobreviver. Quando entendemos a morte como a outra face da vida, esta toma um novo sentido. Podemos efetivamente viver – e não somente sobreviver. Geralmente a morte, principalmente de pessoas queridas, nos sacode de nossa zona de conforto, de uma forma mais ou menos intensa, provocando questionamentos sobre a vida, principalmente sobre aquelas questões que adiamos a resolução. A morte nos lembra que tudo passa, que nada é para sempre, e dá uma noção real de que o tempo anda, e não espera.

É preciso saber dizer adeus a quem nos deixa, mesmo sabendo que o que está presente naquele instante é um corpo sem vida. Isso realça a dignidade da vida, não só daquele que morreu, mas de quem ainda vive.

Dizer que a morte faz parte da vida nos faz pensar só no final, mas é muito mais presente do que isso: a cada situação em que precisamos terminar algo para começar uma nova etapa da vida, a morte está ali. Na Índia, a religião hindu tem uma trindade de deuses, formada por Brahma, Shiva e Vishnu. Brahma é o criador de tudo, Shiva é o destruidor e Vishnu o preservador. Parece meio sinistro um deus que destrói, mas é através da destruição do que está gasto que há renovação, que é possível nascer o novo. Não à toa, Shiva é o deus mais adorado na Índia, tendo muito mais templos onde é cultuado, do que os outros deuses da trindade hindu.

Pode parecer absurdo o que eu vou dizer, mas integre a morte em sua vida para que você possa viver mais plenamente. Busque soluções para aqueles problemas que vem adiando, como se o tempo não passasse. Perceba o que já terminou em sua vida, e você não reconhece. Muitas vezes nos apegamos a situações que já não fazem mais sentido, somente pela rotina. Podem ser situações de trabalho, de relacionamento, de hábitos. Viver tendo presente a perspectiva de que morreremos não deveria trazer medo, mas acentuar a responsabilidade que temos de fazer com que a nossa vida tenha o rumo que planejamos para ela. Assim, podemos ser dignos de um dia morrer conscientes de que buscamos (mas nem sempre conseguimos) realizar aquilo que é necessário da melhor forma possível.

Artigo originalmente publicado na revista online Personare.

Biográfico em Nova Friburgo no feriado de Corpus Christi

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Viver o presente muitas vezes pode significar repetir padrões criados no passado. Esses padrões são inconscientes e geralmente nos damos conta deles justamente quando olhamos para trás. Vemos várias situações que, no momento em que aconteceram, pareciam tão originais, revelarem-se as mesmas, mas com personagens diferentes. Resgatar o passado é justamente tirar a sua vida de lá e trazê-la para o presente, deixando de ser refém do que passou, repetindo padrões que já não cabem mais.Viver o momento atual não pode significar jogar o passado para baixo do tapete, como se não houvesse existido. Porque muito do que vivemos hoje (e que outras pessoas também vivem), foi construído também, criado por ações e omissões nossas no passado. E o futuro poderá ser moldado com metas seguras, afinal estaremos navegando em mares agora conhecidos, apesar das novidades que sempre surgirão em nossas vidas. Quando resgatamos o passado, percebemos esses padrões e podemos conscientemente transformar nossas vidas de forma que atuemos a partir do que o momento presente nos pede e não a partir da repetição de padrões.

Em Nova Friburgo, de 11 a 14 de junho de 2009, no Morgenlicht (feriado de Corpus Christi).

Coordenadores:

  • Rosângela Cunha

Psicóloga, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Biográfica

  • Marcelo Guerra

Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico

Escreva para santana@terapiabiografica.com.br ou marceloguerra@terapiabiografica.com.br para mais informações. Ou ligue para falar com um de nós:

(21)7697-8982, Marcelo

(32)8841-8660, Rosângela

Investimento:

PREÇOS E CONDIÇÕES ESPECIAIS DE PAGAMENTO PARA QUEM OUVIU O PROGRAMA DA RÁDIO FRIBURGO AM OU ASSISTIU O PROGRAMA DA TV ZOOM. BASTA DIZER QUAL O NOME DO PROGRAMA.

  • até 31 de março – R$900,00 ou 3x R$300,00;
  • até 15 de maio – R$980,00 ou 1x R$320,00 + 2x R$330,00
  • até 31 de maio – R$1050,00 ou 3×350,00
  • até 11 de junho – R$1150,00 ou 1xR$370,00 + 2x R$390,00

A confirmação da inscrição é feita mediante o depósito da primeira parcela.

Ninho Vazio

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“Um homem e uma mulher. Dois corpos flutuando na água. ‘Estão mortos?”

(do filme O Ninho Vazio)

Em fevereiro passado o público brasileiro de cinema foi brindado com mais um delicado filme argentino, chamado O Ninho Vazio. O filme foi dirigido por Daniel Burman, um cineasta que já retratou as difíceis relações familiares em outros filmes, como o premiado Abraço Partido e Direito de Família.

O Ninho Vazio usa a sensibilidade para mostrar um casal vivendo essa crise de mesmo nome, uma situação muito comum na vida e pouco valorizada. Esta síndrome (síndrome é o título usado pela medicina e psicologia para algo que não pode ser bem classificado como uma doença, mas que apresenta uma certa regularidade de sintomas) geralmente começa depois dos 42 anos, numa fase em que os filhos deixam a casa dos pais para construir suas próprias vidas. Toda a rotina dos pais, que até então girava muito em torno dos filhos, precisa ser modificada. A mulher e o homem percebem que há mais espaço, mais tempo para si e para o casal, e começam a aparecer os problemas.

Se antes um fim de semana com os filhos viajando seria comemorado com um ‘enfim sós’ e champanhe, agora esse ‘enfim sós’ tem gosto de solidão a dois. Há uma tristeza profunda, um sentimento de inutilidade que atinge ambos, mas geralmente mais a mulher, que costuma estar nesta fase vivendo as mudanças, nem sempre agradáveis, que a menopausa traz.E a solidão se torna um sentimento muito forte!

Para a mulher, o Ninho Vazio costuma ser sentido com mais dor, porque culturalmente muitas mulheres colocam como meta central da sua vida a maternidade, e a transformação que esse ‘ser mãe’ precisa sofrer de cuidar dos filhos para partilhar sentimentos com eles depois de sua saída, nem sempre se realiza. Para muitas, isso é ser menos, é fazer pouco, é não ser mãe. Isto vale mesmo para mulheres que trabalham fora, que têm sucesso em suas carreiras, porém sentem-se como se um pedaço fosse tirado delas. Hoje este Ninho Vazio pode ser sentido também diante da separação de um casal, em que os filhos ficam sob a guarda do pai ou da mãe e aquele que fica só com as visitas sente muito essa ausência em sua rotina. Mais aguda é essa dor quando os filhos ficam com o pai, o que tem acontecido muito mais frequentemente, e a mãe passa por todos os sentimentos de inadequação e abandono, neste caso somados ao de fracasso, que não se justifica na maioria das vezes.

O relacionamento do casal no filme, assim como na vida real, sofre abalos sísmicos nessa fase, já que o vazio deixado pela saída dos filhos traz à tona comportamentos e imagens que um tem do outro que permaneciam meio obscurecidos no dia-a-dia tumultuado que havia antes. Neste momento a Terapia Biográfica pode ajudar muito, tanto a pessoa que sofre por estar vivendo estas mudanças quanto o casal que sofre por não se reconhecer mais como uma família e não perceber a mudança que se faz necessária. Através de conversas e de trabalhos artísticos, comumente usados na Terapia Biográfica, é possível cada um entender melhor a sua ‘missão de vida’ e buscar realizá-la, trazendo o sentimento de realização, de satisfação interior, de felicidade, enfim. É importante sempre ter em mente que ser pai ou mãe é uma missão importante na vida de uma pessoa, mas não é tudo!

Na visão da Antroposofia, base da Terapia Biográfica, que percebe o desenvolvimento humano dividido em fases de sete anos, os setênios, a Síndrome do Ninho Vazio chega no 7º ou 8º setênio, numa faixa ampla que vai dos 42 aos 56 anos, dependendo da diferença de idade em relação aos filhos.

No 7º setênio (42 a 49 anos) começa o declínio físico, que pode ser notado no próprio climatério nas mulheres, dificuldades no metabolismo que podem até virar doenças como diabetes e hipertensão, digestão menos ágil para aquelas comidas pesadas, uma certa diminuição no apetite sexual. Acompanhando esse início de declínio físico há uma busca do que é verdadeiro, daquilo que é coerente com suas aspirações mais profundas, o que muitas vezes pode gerar uma crise, que é chamada Crise de Autenticidade.

O 8º setênio (49 a 56 anos) a vitalidade física ainda está menor, mas é uma fase em que geralmente a pessoa está no auge da carreira profissional, e o pique já não é mais o mesmo, e a pessoa precisa adequar seu ritmo de trabalho a essa nova realidade física. Muitas vezes a pessoa é sacudida pela ideia de que está envelhecendo, e quando não há uma busca de algo que a preencha no sentido de realizar aquelas aspirações que podem ser entendidas como ‘missão de vida’, a ligação com a vitalidade física é tão forte que só resta a sensação de decadência, já que o corpo não responde mais como antes.

A vida passa por várias fases e muitas vezes não percebemos que as circunstâncias são diferentes, e continuamos com comportamentos e expectativas que não cabem mais. Precisamos estar atentos a essas mudanças. Uma dica simples para você perceber as mudanças é fazer um pequeno diário onde se pode escrever à noite, uma espécie de retrospectiva do dia, em que se pode escrever o que foi aprendido naquele dia, a quem você é grata, e o que muda na sua vida através deste aprendizado. É como acompanhar o crescimento de um filho marcando na parede sua altura. Se você só olha para a criança, não se dá conta da mudança constante em seu tamanho, mas marcando regularmente cria atenção. Assim também esse ‘caderno de aprendizagem’ permite ver as mudanças em sua vida de uma forma mais próxima. E as mudanças virão mesmo, mas que estejamos prontos para elas e saibamos reconhecê-las e transformar nossas vidas de acordo com nossas aspirações mais íntimas.

Nunca se esqueça que ser mãe ou ser pai faz parte de sua vida, mas não pode abarcar toda a sua vida. O que lhe interessa? Você tem algum hobby? Você tem algum sonho que vem adiando, esperando o momento de ter mais folga? Você pensa em dar um novo rumo à sua carreira? Qual é o rumo que você pretende dar ao seu casamento?

A angústia de ver os filhos saindo do ninho pode muito bem ser compensada observando o voo deles por novas paisagens, novos relacionamentos, novos desafios profissionais. Reconhecer que os filhos são adultos e que precisam voar com as próprias asas, isto é que vai fazer diferença no seu sentimento: perceber que você não perdeu os filhos e estar aberta para ajudá-los se precisarem.

Este é o momento de direcionar seus talentos e sua energia para algo novo, afinal o Ninho Vazio é o prenúncio de um novo nascimento. Até a próxima!

Artigo originalmente escrito para a revista Personare, especial do mês das mães.