Depressão: o que é, como se manifesta e como reconhecê-la

Marcelo Guerra

A depressão é um transtorno mental que afeta o humor, os pensamentos e o comportamento de uma pessoa, causando sofrimento e prejuízo em várias áreas da vida. A depressão não é apenas uma tristeza passageira ou uma fraqueza de caráter. É uma doença séria que precisa de tratamento adequado.

Mas como reconhecer a depressão? Não existe um exame laboratorial ou de imagem que possa confirmar a doença. O diagnóstico da depressão é feito pelo médico, que avalia o histórico familiar, o momento atual vivido e o estado mental do paciente.

Para isso, o médico se baseia nos seguintes critérios:

  • Apresentar pelo menos cinco dos seguintes sintomas por pelo menos duas semanas:
    • humor deprimido na maior parte do dia;
    • perda de interesse ou prazer pelas atividades que antes eram agradáveis;
    • alteração significativa no peso ou no apetite;
    • insônia ou excesso de sono;
    • agitação ou lentidão psicomotora;
    • fadiga ou perda de energia;
    • sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva;
    • dificuldade para se concentrar ou tomar decisões;
    • pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.
  • Os sintomas devem causar sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida.
  • Os sintomas não devem ser atribuídos aos efeitos de alguma substância, medicamento ou condição médica. Os sintomas não devem ser explicados por outro transtorno mental, como transtorno bipolar, esquizofrenia ou transtorno do estresse pós-traumático.

Além desses critérios, existem alguns sinais que podem indicar que uma pessoa está com depressão. Alguns desses sinais são:

  • Chorar com facilidade ou sem motivo aparente
  • Ter pensamentos negativos ou pessimistas
  • Isolar-se dos outros ou evitar o contato social
  • Perder a esperança no futuro
  • Ter dificuldade para sentir alegria
  • Sentir-se vazio, angustiado ou desesperado
  • Ter baixa autoestima Apresentar dores físicas sem causa orgânica

Se você se identifica com alguns desses sinais e sintomas, procure ajuda profissional. A depressão tem tratamento e pode ser superada com acompanhamento médico e psicológico adequados.

Você se recuperou TOTALMENTE da COVID?

Marcelo Guerra

Há mais de um ano já estamos enfrentando uma epidemia por um vírus que causa, acima de tudo, medo. Ainda que no início ele parecesse escolher alguns de nós como vítimas preferenciais dos casos mais graves, hoje vemos pessoas bem saudáveis sucumbirem. Os sintomas variam muito em como se apresentam. Alguns têm apenas um mal estar indefinido, outros, um quadro que lembra uma sinusite leve, ou um resfriado com um incômodo na garganta. Diarreia e enjoo também são bem frequentes, assim como dor de cabeça. Os mais graves têm dificuldades respiratórias severas.

               A recuperação nem sempre é total. Muitas pessoas relatam perda de vitalidade, com sintomas como cansaço aos pequenos esforços, demora em recuperar os sentidos do paladar ou do olfato, alterações na digestão, febres inexplicadas, dores estranhas em partes do corpo, dor de cabeça que se repete, queda de cabelos, flutuações da pressão arterial, tonteira, tosse, catarro. Além desses sintomas que o corpo exibe, algumas pessoas se sentem deprimidas ou com um aumento da ansiedade, após a COVID. Dificuldade de concentração ou de compreensão, assim como esquecimentos também podem acontecer.

               Por meio da homeopatia é possível reverter essas sequelas. Seu médico homeopata vai selecionar o tratamento de acordo com suas características físicas e mentais e com os sintomas que a doença deixou para trás. Assim, você poderá recuperar sua saúde ou minimizar esses sintomas e desfrutar da vida pós-COVID, afinal você venceu uma guerra!

Você gosta de Natal em família?

Fim de ano, época de festas, confraternizações, alegria e, para muitos, aborrecimentos. Os dias que antecedem o Natal trazem a necessidade de tomar decisões aparentemente triviais, mas que podem trazer problemas para o próximo ano inteiro. Decidir que presente vai dar para quem talvez seja o mais fácil de resolver. Decidir onde vai passar a noite de Natal e o almoço de Natal é a decisão mais arriscada, principalmente para adultos que já construíram uma nova família, além de sua família original.

Tradicionalmente o Natal é considerado como a festa para se passar em família. É aí que entra a questão: qual família? A que você construiu pelo casamento ou morando com alguém? A família em que você nasceu e foi criado? A família da pessoa com quem você construiu uma outra família? Quem não casou não está isento desse conflito, porque muitas vezes os amigos formam um grupo tão ou mais coeso que uma família, e nessa hora esse grupo também entra no rol de possibilidades.

Há alguns momentos dessas 48 horas (dias 24 e 25) que são mais importantes que os outros? Ou seja, há um horário nobre do Natal? A maioria das pessoas tende a considerar a noite de 24, até a meia-noite, como a apoteose da festa. Por conta disso, este é o momento mais crucial para decidir.

Um exemplo comum é o de um casal com filhos cujos pais são vivos. Vão passar o Natal em sua própria casa, com seus filhos? Vão para a casa dos pais do marido? Para a casa dos pais da esposa? Vão juntar todo mundo? Vão passar a noite de 24 com os pais de um e o almoço de 25 com os dos outro? E os cunhados e cunhadas, vão poder ajeitar seu horário de forma que coincida com os seus?

Decisão difícil… O difícil não é decidir onde você vai passar a noite de 24, mas onde vai deixar de passar.

Cobranças, reclamações, mágoas… Prepare-se, elas virão de algum lugar.

Por que muitos de nós precisam sentir-se prestigiados pela escolha dos filhos em passar a noite de Natal em nossa casa? O que representa um filho não vir para a noite de Natal? Ele me ama menos? A família em que ele foi criado é menos importante para ele do que a família que ele construiu? Por que me sinto menos por ele não vir na noite de Natal? Por outro lado, por que sinto mais obrigação do que prazer em passar o Natal com os meus pais ou os meus sogros? Por que sinto tanto medo de magoar?

MÁGOAS GUARDADAS

Como em todo relacionamento, a dificuldade de comunicação é um pedregulho no sapato. Deixamos de falar o que pensamos e, principalmente, o que sentimos, com medo de magoar, com medo de ser mal interpretados. Muitas vezes, pequenos problemas que não são falados, vão crescendo dentro de nós até o dia em que ou explodimos ou evitamos o contato. Numa data como o Natal, na qual as pessoas podem sentir-se obrigadas a estar juntas, é natural que esses sentimentos e mágoas que carregamos no bolso do coração entrem em ebulição novamente, causando mal estar. Sem dúvida, este não é o melhor momento para trazer à tona assuntos tão delicados que vêm sendo escondidos ou cultivados com pitadas de ressentimento, raiva, incompreensão, intolerância. Porém é possível dizer o que você sente em relação a uma situação que se apresente no momento, tomando o cuidado para não contaminar com as mágoas escondidas. Expressar o que você sente é o primeiro passo para estabelecer ou melhorar uma relação familiar. Não confunda expressar seus sentimentos com o muro das lamentações! Dizer o que você sente não lhe exime das suas responsabilidades em tudo o que lhe acontece, quer dizer, a culpa do que lhe acontece de errado não está nos outros.

Construímos nosso destino com aquilo de que dispomos, com o dinheiro que ganhamos, com o DNA que herdamos, com a educação que recebemos, com os amigos que fazemos. Seguimos (ou não) um mapa inconsciente que desenhamos com o nosso eu interior, e que mostra para onde apontam nossos propósitos e intenções mais profundos. Se ignoramos o mapinha e vamos para onde o mar da rotina e do conformismo nos leva, isto é nossa responsabilidade e não devemos acusar os outros por isto.

Voltando ao Natal, para sua decisão, busque aquilo que lhe é possível neste momento, mas procure perceber aquilo de positivo que traz união à sua família. E expresse o que você sente, seja por palavras, por um abraço, um tapinha nas costas, um sorriso. O espírito de Natal, afinal, é constituído pela união de nossos corações.

Feliz e expressivo Natal! Paz em seu coração!

 

Artigo originalmente publicado na Revista Personare

Terapia Biográfica e Vocação – 2a parte

No artigo anterior expliquei que a Terapia Biográfica pode revelar o sentido da vocação de cada pessoa. E mostrei as influências do primeiro setênio para a formação dos talentos que desabrocharão na vida adulta.

Agora vamos nos aprofundar no segundo setênio, que inicia-se por volta dos 7 anos, com a troca acelerada dos dentes de leite por permanentes e termina com o estabelecimento da adolescência, por volta dos 14 anos. Nele, a criança, que até então tinha como referência quase que integral a sua própria família, passa a dividir-se entre dois mundos: a casa e a rua, onde estão os amigos, a escola e a maior parte das brincadeiras.

REGRAS E NORMAS

As brincadeiras, que antes tinham suas regras inventadas pelas próprias crianças, geralmente com frases começando por “faz de conta que…”, “finge que…”, nesta fase estão sujeitas a regras externas, como os jogos e os esportes. Brincar de pique, por exemplo, tem regras que vão passando de geração para geração. Jogar futebol ou queimada também tem regras que não se sujeitam ao “faz de conta que…”.

As normas também vão ficando mais fortes em casa e na escola. A criança já é maior, e dela se espera um pouco mais de responsabilidade. Essas normas vinculam-se aos ritmos e horários da família, por exemplo: ter hora para comer, hora para tomar banho, hora para dormir, hora para brincar, hora para estudar. Também são de grande importância as normas relacionadas à divisão entre os sexos, tais como “menina não senta de perna aberta”, “menino não chora”, e por aí vai.

São limites que representam necessidades sociais e os costumes de uma família, por isso variam de lugar para lugar e também em cada família. Os limites precisam ser justos, nem rígidos demais que façam a criança sentir-se acorrentada, nem frouxos demais, que a façam sentir-se com uma autoridade precoce (que ela não saberá usar e poderá prejudicá-la na vida adulta) sobre a própria família.

AUTORIDADE E RESPEITO

A criança encontra várias figuras de autoridade nesta fase, mas receberá uma enorme influência daquela que além de ter autoridade e merecer respeito, ofereça-lhe um tratamento acolhedor, carinhoso e cuidadoso. É dessa pessoa que ela se lembrará com frequência em sua vida adulta, quando estiver diante de situações, como escolhas éticas, em que precise tomar decisões que requeiram um comprometimento seu. Essa pessoa pode ser um familiar próximo, ou uma professora, uma vizinha. Seja qual for a sua origem, ela marcará a biografia dessa criança e será sua referência pela vida afora.

A maneira como uma criança recebe regras e normas se refletirá em sua vida adulta, tanto em âmbito pessoal e familiar, como no mundo do trabalho.

Trabalhar requer estar sujeito a várias regras, inerentes ao próprio trabalho ou ao relacionamento entre os colegas. Acatar regras cegamente pode ser a via mais fácil, mas certamente trará cicatrizes internas, pelos “sapos” que uma pessoa vai precisar engolir. É uma atitude herdada do primeiro setênio, quando a criança imita os adultos como forma de descobrir o mundo. Rebelar-se sistematicamente contra elas (que é a atitude predominante na adolescência) também é uma atitude extrema, que trará mais problemas do que soluções à vida do sujeito. Saber discernir o que pode ser aceito daquilo que se deve tentar mudar depende de ter recebido regras justas na infância.

A figura da autoridade amada pode ressurgir na vida adulta, desta vez como um tutor ou mentor, alguém mais velho e mais experiente que reparte sua sabedoria adquirida com um jovem que está começando. É uma simbiose, na qual soma-se à sabedoria de alguém experiente a vitalidade e vontade de um iniciante. É uma aliança que pode ser muito benéfica para ambos e para a empresa em que trabalham.

Saber respeitar regras sem dobrar-se a elas é um aprendizado difícil, mais ainda para quem recebeu uma educação ou repressora demais ou excessivamente liberal. Enquanto alguns pais e professores exigem uma obediência cega aos seus ditames, outros dão à criança ainda imatura uma autoridade que pode transformá-la em um adulto déspota, que não admite contrariedades ou frustrações.

Conciliar as regras com uma atitude empática, carinhosa e apoiadora permite à criança entender o objetivo das regras e desenvolver-se num adulto que sabe discernir o que precisa ser respeitado do que precisa ser modificado, com propostas e não com força, como aprendera pela convivência com uma autoridade amada.

RELEMBRE ESSA FASE DE SUA VIDA

Você reconhece alguém que tenha ocupado esse papel de “autoridade amada” em sua vida? O que você admirava nessa pessoa?

Como eram as normas recebidas em sua família?

O que percebia como valorizado numa profissão pela sua família? Ganhar dinheiro? Ter sucesso? Realizar-se como pessoa?

Como você sente que isso possa ter influenciado suas escolhas profissionais?

 

Artigo originalmente publicado na Revista Personare

Terapia Biográfica e Vocação – 1a parte

Nas últimas décadas, o conceito de carreira foi radicalmente modificado. Nos anos 70 ou 80 a carreira significava uma vida de trabalho dentro de uma mesma empresa e geralmente a pessoa tinha o próprio nome associado ao local onde trabalhava, como “Sr. Fulano da Empresa X” ou “Sr. Sicrano da Companhia Y”. A partir dos anos 90, a carreira passou a ser construída a partir da presença de diferentes empregos em empresas variadas ou ainda por meio de projetos independentes. Sendo assim, o emprego não é mais a meta, mas sim a realização como profissional.

A Terapia Biográfica busca o sentido nos diferentes fatos da vida de uma pessoa. No caso da carreira, ela pode revelar o sentido de sua vocação, que significa um chamado, ou seja, ultrapassa o conceito de profissão, podendo até se expressar por uma atividade não profissional. A vocação é o meio pelo qual podemos expressar os nossos propósitos mais essenciais, transformando-os em ações. A profissão pode ser uma forma que a vocação encontra para se expressar, mas ela está mais ligada a uma missão de vida. Assim, uma pessoa pode trabalhar num banco como necessidade profissional e realizar sua vocação fotografando nos finais de semana. Ou realizar a vocação num trabalho voluntário. Contudo, o caminho mais adotado para concretizar a vocação ainda é a profissão.

Como a Terapia Biográfica estuda as fases da vida em períodos de sete, os setênios, esta série de artigos pretende mostrar as influências de cada setênio para a formação da vocação. Especificamente, até os 28 anos, porque é quando termina a fase de formação. Para começar, avaliaremos o primeiro período da vida de uma pessoa.

DE 0 A 7 ANOS

Quando você nasceu, precisava de cuidados e os recebeu de seus pais e das pessoas próximas, que formavam à sua volta uma espécie de ninho de carinho e proteção. Até os 7 anos, a criança é bem dependente dos adultos e o que formará sua confiança é a qualidade dos cuidados recebidos nesta fase. Aliás, essa característica deve ser formada nesse período, já que depois disso só é conseguida através de muita disciplina e força de vontade.

A autoconfiança também é muito influenciada pelos primeiros passos. Quando uma criança aprende a andar, ela cai e levanta várias vezes. Muitas vezes ela se ergue com a ajuda de um adulto, mas o mais importante é que ela saiba que pode levantar quando cair. Se os pais não permitem que ela experimente esse levantar e cair, por medo de que se machuque, ela não desenvolverá a coragem para arriscar na vida. Por outro lado, se ela ganha um andador e sai correndo pela casa, sem fazer o menor esforço, pode desenvolver uma falsa autoconfiança, pois não se baseia nas suas próprias forças. Observe como foi que você aprendeu a andar. Isso diz muito sobre como você age na sua vida.

A principal atividade de uma criança é brincar. As brincadeiras nessa fase não seguem muitas regras, não são jogos. Algumas crianças gostam mais de liderar, outras seguem mais do que lideram. Algumas gostam de brincar com os brinquedos que ganham, seguindo as suas funções originais, enquanto outras optam por inventar brinquedos muito mais originais com as caixas dos presentes. As regras das brincadeiras nessa fase são inventadas pelas próprias crianças e costumam começar com “finge que…” ou “faz de conta que…”

Brincando, a criança desenvolve a criatividade e a capacidade de liderança que aplicará no seu trabalho quando for adulta. E é esta criatividade que permite criar novos negócios, novos produtos, novos serviços ou resolver impasses que nascem quase todo dia diante de nós quando estamos trabalhando. A capacidade de liderar, dividir essa liderança e convencer os seus pares daquilo que você acredita fazem com que o trabalho flua por um novo caminho. Isso pode ser comparado com a época que você decidia as regras do pique com os colegas, até onde valia se esconder, até que número quem estava no pique tinha que contar, quem era café com leite e quem brincava à vera.

Estas são as principais influências da infância à vocação que desabrochará na vida adulta. Aguarde os próximos artigos e aprenda mais sobre os setênios.

 

Artigo originalmente publicado na Revista Personare

 

Terapia Biográfica e sua carreira

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Nas últimas décadas, o conceito de carreira foi radicalmente modificado. Nos anos 70 ou 80 a carreira significava uma vida de trabalho dentro de uma mesma empresa e geralmente a pessoa tinha o próprio nome associado ao local onde trabalhava, como “Sr. Fulano da Empresa X” ou “Sr. Sicrano da Companhia Y”. A partir dos anos 90, a carreira passou a ser construída a partir da presença de diferentes empregos em empresas variadas ou ainda por meio de projetos independentes. Sendo assim, o emprego não é mais a meta, mas sim a realização como profissional.

A Terapia Biográfica busca o sentido nos diferentes fatos da vida de uma pessoa. No caso da carreira, ela pode revelar o sentido de sua vocação, que significa um chamado, ou seja, ultrapassa o conceito de profissão, podendo até se expressar por uma atividade não profissional. A vocação é o meio pelo qual podemos expressar os nossos propósitos mais essenciais, transformando-os em ações. A profissão pode ser uma forma que a vocação encontra para se expressar, mas ela está mais ligada a uma missão de vida. Assim, uma pessoa pode trabalhar num banco como necessidade profissional e realizar sua vocação fotografando nos finais de semana. Ou realizar a vocação num trabalho voluntário. Contudo, o caminho mais adotado para concretizar a vocação ainda é a profissão.

Como a Terapia Biográfica estuda as fases da vida em períodos de sete, os setênios, esta série de artigos pretende mostrar as influências de cada setênio para a formação da vocação. Especificamente, até os 28 anos, porque é quando termina a fase de formação. Para começar, avaliaremos o primeiro período da vida de uma pessoa.

DE 0 A 7 ANOS

Quando você nasceu, precisava de cuidados e os recebeu de seus pais e das pessoas próximas, que formavam à sua volta uma espécie de ninho de carinho e proteção. Até os 7 anos, a criança é bem dependente dos adultos e o que formará sua confiança é a qualidade dos cuidados recebidos nesta fase. Aliás, essa característica deve ser formada nesse período, já que depois disso só é conseguida através de muita disciplina e força de vontade.

A autoconfiança também é muito influenciada pelos primeiros passos. Quando uma criança aprende a andar, ela cai e levanta várias vezes. Muitas vezes ela se ergue com a ajuda de um adulto, mas o mais importante é que ela saiba que pode levantar quando cair. Se os pais não permitem que ela experimente esse levantar e cair, por medo de que se machuque, ela não desenvolverá a coragem para arriscar na vida. Por outro lado, se ela ganha um andador e sai correndo pela casa, sem fazer o menor esforço, pode desenvolver uma falsa autoconfiança, pois não se baseia nas suas próprias forças. Observe como foi que você aprendeu a andar. Isso diz muito sobre como você age na sua vida.

A principal atividade de uma criança é brincar. As brincadeiras nessa fase não seguem muitas regras, não são jogos. Algumas crianças gostam mais de liderar, outras seguem mais do que lideram. Algumas gostam de brincar com os brinquedos que ganham, seguindo as suas funções originais, enquanto outras optam por inventar brinquedos muito mais originais com as caixas dos presentes. As regras das brincadeiras nessa fase são inventadas pelas próprias crianças e costumam começar com “finge que…” ou “faz de conta que…”

Brincando, a criança desenvolve a criatividade e a capacidade de liderança que aplicará no seu trabalho quando for adulta. E é esta criatividade que permite criar novos negócios, novos produtos, novos serviços ou resolver impasses que nascem quase todo dia diante de nós quando estamos trabalhando. A capacidade de liderar, dividir essa liderança e convencer os seus pares daquilo que você acredita fazem com que o trabalho flua por um novo caminho. Isso pode ser comparado com a época que você decidia as regras do pique com os colegas, até onde valia se esconder, até que número quem estava no pique tinha que contar, quem era café com leite e quem brincava à vera.

Estas são as principais influências da infância à vocação que desabrochará na vida adulta. Aguarde os próximos artigos e aprenda mais sobre os setênios.

PARA CONTINUAR A REFLETIR SOBRE O TEMA

“Workshop Antroposófico: Vocação e Sentido”, de 25 a 27/03, em Ouro Preto (MG)

Você tem a mente aberta?

Marcelo Guerra

É comum ouvir as pessoas dizerem com orgulho que têm a mente aberta. Mas o que isso significa realmente? Ao entramos em contato com ideias ou situações novas geralmente somamos nossas próprias convicções, que funcionam como reflexo, checando tudo que nos é apresentado. Podemos fazer uma analogia com um grande quebra-cabeças, comparando as pecinhas (novas ideias e situações) com a foto na tampa da caixa do jogo (nossas ideias preconcebidas). E nos perguntarmos: Será que podemos ir além do que a tampa do quebra-cabeças nos mostra? O mundo se resume à tampa do quebra-cabeças? E se criarmos um novo quebra-cabeças, sem tampa, para nos orientar?
A imagem que o mundo exterior nos oferece muitas vezes pode confirmar nossas crenças, mas o que acontece quando estão em oposição ao que pensamos ou não têm qualquer relação com o que acreditamos? Mesmo sendo capazes de ouvir o outro, nossa tendência é rejeitar de imediato todos os movimentos de não-conformidade com nossa tampa de quebra-cabeças.
Para evitar este julgamento apressado, toda vez que estivermos diante de uma experiência nova, é importante nos mantermos presentes na situação, com os sentidos bem alertas, recebendo o que o mundo externo está apresentando. Evitando interpretações e inferências, tendo uma atitude receptiva – ou contemplativa – seremos capazes de perceber sentidos diferentes dos esperados na nossa tampa de quebra-cabeças.
Um exemplo banal sobre como isso acontece pode ser percebido quando vamos ao cinema. Se antes lemos uma crítica ou entrevista com o diretor explicando os motivos pelos quais realizou a obra, criamos uma determinada expectativa. Mas se resolvemos assistir meio às cegas, sem uma “preparação”, ficamos abertos para as revelações do filme sobre nossos sentidos. A segunda opção proporciona uma experiência mais completa.
Na verdade, após experimentar o que o mundo externo oferece, estando presente sem julgamentos, podemos promover o encontro das impressões dos sentidos com as ideias, com resultados enriquecedores.
Ter a mente aberta, portanto, não significa abdicar de convicções, mas estar presente nas situações novas que aparecem e só depois refletir sobre como elas agem sobre nós. Esta atitude permite um aprendizado muito além de colecionar informações, ajuda a construir um conhecimento a partir do mundo real, e é ainda mais importante na forma como nos relacionamos com as pessoas.
Numa conversa ou discussão, se tudo que ouvimos passa pelo filtro das convicções, não há espaço para o outro se revelar. E se além das convicções, este filtro vier preenchido com nossas qualidades e defeitos projetados no outro, não é possível percebê-lo como realmente é. Mente aberta não significa ausência de convicções formadas, mas saber reconhecer o outro como ser único, com suas próprias certezas. Só assim existe abertura para receber o que o outro traz e, talvez, formar um novo quebra-cabeças, com cores e formas não programadas.

Artigo publicado originalmente na Revista L’Aura.

Você sabe lidar com términos?

Marcelo Guerra

Muitas filosofias orientais falam da impermanência das coisas. Assim, aquilo que é de uma maneira hoje, não necessariamente será do mesmo jeito amanhã. Hoje você pode ter estabilidade financeira e amanhã pode se ver completamente sem dinheiro. É o caso dos moradores da região serrana do Rio de Janeiro, que depois do inacreditável temporal de mais de 6h de duração, perderam suas casas e os negócios foram seriamente afetados. Imagine a situação: você dorme tranqüilo, enquanto seus bens estão descendo montanha ou rio abaixo.

No entanto, não só os bens materiais são perecíveis. Os relacionamentos e os sentimentos também podem mudar ou até mesmo terminar. No início de um namoro é comum cada um fazer juras eternas, como se aquela relação nunca fosse acabar ou mudar. Depois de alguns anos, a convivência pode trazer dificuldades a este casal ou as mudanças pelas quais cada um passa podem levá-los a ver a vida de forma diferente, causando obstáculos intransponíveis. Afinal, aquelas promessas não fazem mais sentido, já que as pessoas passaram por transformações e não são mais as mesmas.

 

A precariedade daquilo que temos como certo é chamada insegurança. E saber conviver com isso é uma arte. Acredito que há forças atuantes em todo o universo que conduzem muitos dos acontecimentos, nos permitindo novas escolhas a cada momento de nossas vidas. O medo nos força a evitar a insegurança através do controle, mas é impossível ter o controle de todas as situações. O controle exagerado leva inevitavelmente à frustração.

 

O que temos de permanente é nossa essência, muitas vezes encoberta por sombras e por preocupações materiais, mas é aquilo que somos e aparece pelos nossos propósitos maiores na vida. Por isso, as filosofias orientais, mencionadas no início deste artigo, apresentam um único remédio para a impermanência das coisas: o desapego. Para abrirmos mão do controle, é preciso ter confiança de que as forças do universo guiarão nossos destinos. Pode nem ser como esperamos, mas sempre ocorrerá o melhor possível, rumo ao nosso desenvolvimento.

 

Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia, em um texto muito popular entre os estudiosos desta filosofia, que fala como o futuro pode ser aguardado com serenidade, pela confiança nessas forças que direcionam o universo. Assim, a certeza e a coragem devem andar de mãos dadas, uma conduzindo a outra, para que sejamos pessoas seguras, por mais precárias que sejam as certezas.

 

“Temos de erradicar da alma todo o medo e o terror do que o futuro possa trazer ao homem.

Temos de adquirir serenidade em todos os sentimentos e sensações a respeito do futuro.

Temos que olhar para a frente com absoluta equanimidade, para com tudo o que possa vir, e temos que pensar, somente, que tudo o que vier nos será dado por uma direção mundial plena de sabedoria.

Isto é a parte do que temos de aprender nesta era, a saber: viver com pura confiança, sem qualquer segurança na existência; confiança na ajuda sempre presente do mundo espiritual.

Em verdade, nada terá valor se a coragem nos faltar. Disciplinemos nossa vontade e busquemos o despertar interior todas as manhãs e todas as noites”. Rudolf Steiner.

Artigo originalmente na Revista Personare.

Tecendo o fio do destino 2011

Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.


E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

João Cabral de Melo Neto

Cada um de nós nasce com um destino, não como um livro previamente escrito em que cada ato nosso está previsto, mas como uma missão a nós confiada. Isto faz com que a vida tenha um sentido e, muitas vezes, sofremos com angústia ou depressão por não percebê-lo claramente. Os fatos de nossas vidas estão aí para que encontremos o Fio do Destino que, junto com o nosso livre arbítrio, tece os acontecimentos tanto no nosso mundo interior quanto na nossa vida nas comunidades em que vivemos.

Este curso tem o objetivo de buscar o fio do destino de cada um, desembaraçá-lo, tecê-lo de forma diferente, mais confortável, mais de acordo com o sentido que queremos dar para nossas vidas. Para isso trabalharemos com fatos de nossas próprias vidas. Este trabalho será feito com palavras e arte. Ninguém precisa ser artista ou ter conhecimentos prévios de Antroposofia para participar, é claro.

Muitas das questões que nos colocamos hoje são percebidas de modo diferente quando as situamos no contexto mais amplo da vida toda. A troca de experiências de vida num grupo é enriquecedora e suaviza os sentimentos ligados a essas experiências.

Coordenado por:

  • Nina Veiga

Educadora Waldorf e Psicopedagoga artística, mestre em linguagem e cultura.

  • Marcelo Guerra

Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico.

Onde e quando?

Em São Paulo, no Centro Paulus, de 29 de abril a 1º de maio de 2011.

Quanto?

  • R$840,00, em quarto individual;
  • R$920,00, em suíte individual.

(O preço inclui os honorários e deslocamento dos coordenadores, os materiais usados durante o workshop, a divulgação, a hospedagem e a alimentação. A inscrição é efetivada com o depósito de R$200,00 e o restante deverá ser pago durante o curso com 4 cheques pré-datados. Não haverá devolução da taxa de inscrição em caso de desistência. Nos reservamos o direito de cancelar o curso se não houver o número mínimo de inscritos.)

Escreva para marceloguerra@terapiabiografica.com.br para mais informações. Ou ligue para (11)6463-6880.

Faça sua inscrição online, clicando aqui.